Esta matéria foi publicada no tablóide Contexto, jornal Tribuna Independente, Maceió, 11/12/2011
Um pequeno bilhete sobre futebol
Passado o mês de novembro, Lau e
seu Museu voltam às páginas deste suplemento,
que tem a finalidade de construir
um painel de visões sobre a sociedade
alagoana. Contexto precisa e muito do Lau, jornalista
a quem admira de longa data – bote tempo
nisso, né Setton? –, mesmo ele sendo azulino de corpo e alma. Felizmente, neste número, ele lembrou que CRB existe, e assim Contexto se encontra em seu estado puro,
devidamente dezazulizado.
Ainda hoje, eu não sei,
objetivamente, a razão de justificar-me como CRB. Acho que tudo decorreu de uma graça
conduzida pelo destino, tão angélica e sagrada quanto é ser tocado pela chama
mágica do rubro-negro, aquilo que
identifica o meu amado e decantado Clube
de Regatas Flamengo, a aurora mundial do futebol, o por do sol da glória a
renovar-se pudica e simples, a noite
inspirada do esporte, o dia da justiça final dos adversários vítimas dos mais
fortes e inteligentes pelotaços.
Amigo Lautheney, é pena, contudo,
que a beleza das rivalidades tenha se tornado em coisa feia, pela violência do que ainda é, talvez
erroneamente, chamado de torcida. Meu bom Lautheney, quando isso vai
parar? Amigo, pode escrever sobre o CSA
novamente, quantas vezes desejar; aqui é livre, como deve ser livre a amizade. Vamos nos encontrar e misturar as cores das
bandeiras numa comemoração pela paz, cerimônia que bem poderia ser puxada pela
Federação Alagoana de Futebol e, quem sabe, o exemplo partir de uma solenidade
pública comandada pelas diretorias de nossos clubes. Seria um belo exemplo para
nosso futebol.
Um abraço amigo para todos os
legítimos torcedores azulinos. Eu prefiro um torcedor azulino decente, a um
baderneiro que se possa dizer CRB. Será
que a Federação Alagoana promoveria o Dia da Paz? Não importa se já fez algo neste sentido; o
fundamental é água mole bata tanto em pedra dura até que fure.
Contexto pede humildemente, que a
Federação Alagoana de Futebol pense no assunto.
Nossa! Seria uma belíssima cerimônia pela paz, contra qualquer indicação
de violência. Lautheney, você que conhece mais de perto os homens, fala com
eles.
Sávio de Almeida
Uma homenagem ao CRB
Professor Jaymeihgal.al.org.br |
Contexto deseja homenagear a
grande torcida regatiana. E volta ao
passado, buscando uma música composta por Tavares de Figueiredo, com letra do
saudoso Professor Jayme d’Altavilla. É um
tango carnavalesco intitulado Os
Batutas do Cerrêbê. Faz muito tempo que a
música surgiu e a sinalizo por volta dos
anos vinte do século passado. Ninguém esqueça o que escreveu o Professor Jayme:
o turuna é o cerrêbê! Fui procurar no pai dos burros, o que significa turuna: valente, destemido, segundo o Houaiss.
Não
discuta, seu gabola,
Que o turuna é o cerrêbê.
Depois do jogo da bola,
Meu nêgo, cadê você?
Melindrosa torcedora,
Tu me amarras, perdição.
Fizestes um goal, vencedora,
Shootando em meu coração
Estribilho
Ai! Que bom” Ai!
O cateretê!
Ai! Que bom” Ai!
Dançar com você
Que no treno eu tiro a linha.
Eu com você não me arranjo,
Seu cara de almofadinha.
Futebol é coisa boa.
É mais doce que bangüê.
As moças das Alagoas
Torcem pelo cerrêbê.
Cláudio Pacheco:
um depoimento para a
história
Lautheney Perdigão
Lauttheney Perdigão
A Enciclopédia do Futebol Alagoano
http://cadaminuto.com.br
A estrada da vida
Cláudio Moreira Pacheco é filho de Lafaiete Pacheco, o principal fundador do
Clube de Regatas Brasil. Nasceu em
Maceió, no dia 19 de setembro de 1931. E como não poderia deixar de ser, Claudinho começou jogando no clube da
Pajuçara. Com a camisa do CRB, ele começou a mostrar suas qualidades de um
futuro craque. Não demorou muito e logo chegou ao time titular se consagrando
bi campeão alagoano nos anos de 1950/1951. Era um jogador inteligente dentro e
fora do campo. Seus movimentos eram rápidos e objetivos. Com o passar dos anos,
seu futebol foi amadurecendo, ganhando mais cadência, habilidade e técnica
refinada.
Em 1952, foi contratado pelo Esporte Clube Bahia e formou o chamado
“esquadrão de aço” dos tricolores da Boa Terra. Foi campeão, destaque do time e
convocado para a Seleção Baiana. Ainda defendeu o Sport Recife, Ferroviário do
Ceará, Botafogo da Paraíba e encerrou sua carreira no Capelense em 1962, onde
ajudou o clube do Dr. Horácio Gomes a ser Campeão Alagoano naquele ano. Quando
ainda estava atuando pelo CRB, Claudinho jogou voleibol pelo Flamengo de Maceió.
Depois de viver fortes emoções no esporte, deixou os gramados e continuou o
mesmo moço simples e amigos de seus amigos. Hoje, aos 80 anos, vive na
lembrança de todos aqueles que o viram jogar um futebol cadenciado e no melhor
estilo. Seu depoimento está bem vivo nos arquivos do Museu dos Esportes.
Cláudio Pacheco
Museu dos Esportes
Os
filhos de Lafayete Pacheco
Três filhos de Lafaiete Pacheco jogaram futebol. Nos anos trinta, o zagueiro
Bacurau participou do tetra campeonato conquistado pelo CRB. Nos anos
cinqüenta, foi a vez de Claudinho que também foi campeão pelo clube da Pajuçara. Vetinho também foi
campeão, mas pelo Ferroviário em 1954. Claudinho tinha orgulho do seu pai. Afinal, Lafaiete Pacheco foi o grande
incentivador para a fundação do CRB, clube que ele defendeu com um amor acima
do normal. O interessante é que mesmo quando Claudinho defendia o clube da Pajuçara, ninguém sabia desse detalhe. Somente
depois um depoimento de Lafaiete ao Arquivos Implacáveis do Jornal Gazeta de
Alagoas é que a história começou a ter um melhor colorido nas páginas dos
nossos jornais e a torcida ficou sabendo a verda deira história do Clube de
Regatas Brasil.
Claudinho começou jogando nas peladas de ruas. Muitas vezes deixava de ir à aula
para jogar futebol. Na Praça da Cadeia, havia jogos memoráveis entre o Águia
Negra do Colégio Diocesano e o Monte Castelo que era o time local. Como morava
no Poço, Claudinho jogava pelo Treze de Maio. Em 1948, já estava disputando o campeonato
alagoano pelo juvenil do CRB. No ano seguinte, integrava o time principal dos
alvirrubros. O bi campeonato foi conquistado por um time maravilhoso. Claudinho lembra com saudade:
Bandeira. Cacau. Miguel Rosas. Walfrido Vieira. Cacará. Divaldo. Macedo.
Laxinha. Dario. Carlos Santa Rita e ele mesmo, Claudinho. Os treinamentos eram realizados às seis horas da manhã, porque a grande
maioria dos atletas trabalhava. A diretoria comparecia e Zequito Porto era o
técnico que, ao logo dos anos, transformou-se no maior nome da história do
clube. O Zé de Barros tomava conta do Estádio e era muito querido por todos os
atletas. Depois do treino, lá estava Zé de Barros com o seu munguzá e pão com
manteiga para os jogadores. Esses jogadores tinham amor pelo clube e a amizade
dos dirigentes.
Seleção Alagoana de 1952
Museu dos Esportes
A
devoção ao esporte
Claudinho jogava de graça e ainda era sócio do clube. Isso lhe garantia certo
privilégio, dando condições de entrar nas festas do CRB que eram realizadas nos
salões do Clube Fênix Alagoano. Além da alegria em defender o clube do coração,
ele tinha o reconhecimento de ser convocado para a Seleção Alagoana várias
vezes. Ele viveu uma época em que os torcedores presenteavam seus ídolos com
chapéus, guarda-chuvas, sapatos, camisas etc. Um tempo que, mesmo no dia de
clássico, Claudinho e Dida, no domingo pela manhã, iam bater bola no campo da Faculdade até
onze horas. Depois iam a pé até a praia do Sobral, tomavam banho e iam para
casa. À tarde, no Mutange ou na Pajuçara, lá estavam Dida com a camisa do CSA e
Claudinho com a do CRB. Também acontec ia que jogadores participavam da preliminar
atuando pelo aspirante e, quando faltava um titular, o atleta era
escalado do time principal.
Foi defendendo a Seleção Alagoana em 1952, que Jorge Gazar o enviou para o
Esporte Clube Bahia. Claudinho foi, fez teste e ficou. O CRB recebeu apenas uma taxa de transferência,
já que o atleta era amador. O primeiro contrato com o Bahia valeu para Claudinho doze contos de réis de
luvas e um conto e quinhentos por mês mais o pagamento da pensão onde o atleta
passou a residir em Salvador. Os dirigentes prometeram muita coisa e cumpriram
tudo. Sua passagem pelo Bahia foi uma das coisas boas de sua vida. Fez
amizades, ganhou títulos, foi ídolo e participou de um dos maiores times da
história do clube que tinha uma excelente diretoria e uma fanática torcida.
A fase do supercampeonato baiano foi uma loucura. Claudinho levou o amigo Bandeira para
o Bahia. O goleiro se transformou em uma barreira no gol do clube tricolor. Na
decisão com o Vitória, foi o melhor jogador em campo e garantiu o título
defendendo até pênalti. Claudinho e Bandeira foram convocados para a Seleção Baiana. Eles eram como
irmãos. Quando Bandeira foi entrar por um portão que não devia, um diretor não
teve bons modos e puxou o goleiro de maneira grosseira. Houve uma discussão e Claudinho comprou a briga. Depois o
Bahia não quis renovar o contrato com Bandeira e o companheiro resolveu
reincidir o seu e retornar a Maceió.
Voltando a Alagoas, Claudinho foi passar alguns dias em Recife na casa de uma tia. Dida queria levá-lo
para o Flamengo. Estava tudo certo. Dida telegrafou para o amigo viajar e
treinar na Gávea. Lafaiete Pacheco, ao invés de mandar o telegrama para a casa
de sua irmã, enviou para o Sport Recife onde Claudinho estava, treinava e tentava acertar um contrato. Um diretor do Sport
ficou com o telegrama. Somente depois de assinar com o clube pernambucano é que
o craque alagoano soube da existência do telegrama de Dida. Ele nunca perdoou o
diretor Galvão. O contrato com o Sport valeu para Claudinho trinta contos de luvas e
quatro mil por mês e mais o pagamento do hotel onde passou a mora com outros
alagoanos: Hélio Miranda, Carijó e Itamar Dengoso. Ele ficou três anos em
Recife. Depois, foi para o Ferroviário do Ceará e para o Campinense.
Jogo contra o Velez em 1951
Museu dos Esportes
Um
retorno a Maceió
Já casado, resolveu retornar a sua terra. Estava com trinta e um anos de idade,
tinha uma propriedade na cidade de Capela para tomar contar e ficar perto da
sua família. Nessas alturas, o Capelense entrou na sua vida. Assinou contrato
com Dr. Horário e ficou como técnico e jogador. A diretoria não interferia no
seu departamento de futebol. Os jogadores eram amigos e ajudavam ao técnico.
Logo depois da sua contratação, Dr. Horário chamou Claudinho e lhe entregou um pacote
cheio de dinheiro para ele ir a Recife comprar todo material novo para o clube.
O Presidente guardava o dinheiro em casa e deu liberdade para o treinador
contratar os melhores jogadores do interior. Apenas
Aguiar que tinha jogado no CRB e Zé de Gemi que defendeu a seleção
sergipana não eram do interior. A grande maioria era das Usinas de
Alagoas e Pernambuco.
A estreia de Claudinho no Capelense foi contra o CRB e uma decepção: CRB 6x1. Uma goleada.
Ninguém reclamou de ninguém. Os treinos continuavam, o time foi se arrumando e,
no final do campeonato, o Capelense foi campeão de 1962 vencendo a decisão
contra os Estivadores. O trabalho foi tão bom que Claudinho foi convidado para ser o
técnico da Seleção Alagoana que disputaria o Campeonato Brasileiro daquele
mesmo ano. A Seleção era a base do Capelense. Conseguimos passar por Sergipe e,
depois de empatar em Maceió, perdemos para os cearenses em Fortaleza. Para esse
jogo, houve muitos problemas. A viagem para o Ceará atrasou. Em Recife, o avião
somente saiu para Fortaleza no mesmo dia do jogo. A delegação alagoana chegou a
tarde para jogar a noite. Os dirigentes da Federação Alagoana não tentaram
adiar o jogo e nos sos atletas estavam sem condições ideais para enfrentar a
Seleção Cearense.
Claudinho foi convocado para a Seleção pela primeira vez em 1952, quando os
alagoanos disputaram um Campeonato Brasileiro amador. Depois, ele foi convocado
para a Seleção principal. Contra os sergipanos, aconteceu um jogo memorável. O
jogo dos 163 minutos. Alagoas havia perdido em Aracaju. Precisava vencer no
Mutange o jogo e a prorrogação. Claudinho lembra com certa emoção. Alagoas venceu o jogo por 2x1. Veio a primeira
prorrogação e 0x0. Veio a segunda e novamente 0x0. Somente aos treze minutos da
terceira prorrogação é que Laxinha assinalou o gol que garantiu vitória de
Alagoas. Os jogadores estavam cansados, mesmo assim, festejaram no gramado uma
das maiores vitórias do Futebol Alagoano. Um triunfo da garra e da vontade de
vencer. E nada teria sid o possível se não fosse a ajuda da torcida. Depois
perdemos para Pernambuco.
Esporte Clube Bahia 1952
Museu dos Esportes
As
fortes emoções
Todos nós sentimos fortes emoções ao longo de nossas vidas. No bi campeonato
alagoano de 1951, o CRB conquistou o título vencendo o CSA na decisão. O
futebol começava a lhe oferecer as primeiras emoções. Nesse mesmo ano, o CSA
enfrentou o Vélez Sasfield da Argentina no Mutange e convidou alguns jogadores
do CRB e, entre eles, estava Claudinho, que vestiu a camisa do clube azulino pela primeira vez. O jogo foi na
véspera do Natal e o empate de 1x1 lhe rendeu uma gratificação de cinco mil
réis. Claudinho lembra o jogo da Seleção Baiana contra o Botafogo do Rio.
Foi uma
das suas grandes atuações. Jogando de ponta direita, deu um show no grande
Nilton Santos e ainda fez o gol da vitória baiana. Entre suas decepções, que
foram poucas, ele cita quando t entou ser treinador do seu querido CRB. Em
1966, deixou Capela e voltou para Maceió. Tinha feito um grande trabalho no
Capelense e poderia repetir no clube da Pajuçara. Logo que começou, sentiu que
as coisas não eram como no seu tempo de jogador. Havia muitas dificuldades. O
clube foi campeão em 1964 e aquela equipe estava se desfazendo.
Os
jogadores que ficaram, não tinham muito interesse em jogar. Certa vez, Aguiar,
Paulo Nylon e Canhoto procuraram Claudinho e disseram que não podiam jogar. Cada um tinha um problema: dor de
cabeça, contusão no pé e desenteria. Foram substituídos por Ademir, Beba e
Silva que logo se tornaram titulares e grandes figuras do nosso futebol. O
clube não tinha dinheiro para contratar e seu trabalho tinha de ser com os
juvenis. Os dirigentes queriam aparecer, reclamavam contra os juvenis e não
lhes davam apoio. Quando o time está mal, eles desaparecem. Então, Cláudio
resolveu parar com o futebol e cuidar da sua vida fora dos gramados.
Para Claudinho, o maior jogador que viu atuar foi o zagueiro Miguel Rosas. Era um
espetáculo. Não dava pancada. Era inteligente e tirava a bola do adversário sem
ele sentir. Claudinho se sentiu privilegiado em jogar ao seu lado. O melhor time foi o Esporte
Clube Bahia de 1952. Um time que jogava por música. Cada um sabia o que fazer
dentro de campo. O treinador era Gentil Cardoso que tinha tudo ensaiado. Ele
sabia de tudo e dizia aos jogadores que não era da Seleção Brasileira porque
era preto e não tinha olhos azuis. Jogando em Maceió, Claudinho nunca se concentrou.
Já no Bahia e no Sport, havia concentração. Com Gentil Cardoso, o pessoal somente
ia para casa na segunda-feira. Concentração longa não é uma boa.
Dida, Cao, Larinha, Claudinho, Milton
Museu dos Esportes
Passos
de vida
A partir
da sexta-feira a noite até q ue é bom. Ele acredita que o treinador tem muita
influência no rendimento de uma equipe. Gentil Cardoso era realmente
maravilhoso. Muitos jogos eram ganhos no intervalo quando ele conversava com
seus atletas, consertando os erros e mostrando sua visão e como aproveitar as
falhas do adversário. Com relação à arbitragem, ele destaca Waldomiro Breda,
Cláudio Regis e Agustim Farrapeira. Em dezesseis anos de carreira como jogador
de futebol foi expulso apenas duas vezes.
No seu tempo de jogador no CRB, os dirigentes tinham os atletas como filhos.
Chegavam a ir a suas casas para visitar seus familiares. Havia bastante
afinidade entre dirigente e jogador. Hoje está tudo diferente. Tudo é
profissional. Futebol virou comércio. Quando o time ganha, querem aparecer no
rádio e na televisão. Quando o time perde, eles têm sempre um culpado: o
técnico. No submundo do futebol, escondem-se muitos interesses e nisso, tudo
pode acontecer. Sobre a rivalidade entre CSA e CRB, sempre existiu, mas somente
dentro do campo. Fora dos gramados, todos eram amigos.
Muitos
estudavam no mesmo Colégio. Quando o CSA ganhava, Claudinho não aparecia na Praça
Deodoro, porque a turma era azulina e caia em cima dele. Quando o CRB ganhava,
a gozação era d ele e do Bandeira em cima da turma do CSA. Era uma época de
diversos craques e pouco dinheiro. Diferente dos dias de hoje, muito dinheiro e
poucos craques. Os jogos eram realizados no Mutange e na Pajuçara. No campo do
CSA quando chovia, o gramado virava lama. Quando fazia sol, a grama ficava
dura. No campo do CRB, nos intervalos dos jogos, os jogadores tinham que tirar
as chuteiras e jogar a areia fora. Apesar disso, era gostoso jogar naquele
tempo. Na imprensa, havia Luiz Alves, Aldo Ivo, Osvaldo Braga e outros que
sabiam criticar. Faziam críticas construtivas. Existia uma crônica completa de
todo o jogo. Hoje mudou. Existe mais espaço no jornal, no rádio e na televisão.
Infelizmente, esses espaços são ocupados mais com o noticiário do futebol do
Rio e de São Paulo.
E Claudinho contou um detalhe de sua vida esportiva que poucos sabem. Ele participou
ativamente do esporte amador, atuando pelo Flamengo de Maceió como jogador de
vôlei e basquete. Com ele, jogavam outros craques do futebol: Carijó, goleiro
do CSA; Dudu, goleiro do CSA; Arroxelas, do CRB; Geraldo, do América; Vetinho,
do Ferroviário. As partidas eram disputadas na quadra de cimento da Polícia
Militar. Para ele, o negócio era jogar. No gramado, na quadra, na praia ou em
qualquer lugar. Tendo uma bola e um pedaço de chão, já era suficiente. Voltando
ao futebol de campo, Claudinho sente saudade de jogadores com Bandeira, Miguel Rosas, Cacau, Divaldo,
Castelar, Nezinho, Cão, Dida, Laxinha, Dario, Santa Rita e Miltom Mongôlo.
Nunca ouviu falar em suborno no se u tempo de jogador. Talvez, porque a
divulgação não tinha a mesma dimensão dos dias atuais.
Claudinho afirma que valeu a pena ser
jogador de futebol. Se pudesse, começava tudo de novo. Foram dezesseis anos de
muitas emoções e poucas decepções. Fez diversas amizades douradoras e soube ser
um profissional responsável. Ganhou algum dinheiro, gastou outro tanto, contudo
ficou com alguma coisa. Aposentou-se como funcionário do Estado e, apesar de
seus oitenta anos de idade, vive a vida que Deus reservou para ele.
Claudinho, Hélio Miranda, Dengoso, Carijó
Museu dos Esportes
Há um Itamar no América de Natal em 1958, vindo do Sport, e um Itamar Lourenço Nascimento na selecao cearense contra o RN em 1959. Será o mesmo Dengoso?
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