Umas poucas palavras
Luiz Sávio de Almeida
A Vila
Emater é conhecida como Favela do Lixão, referência direta aos restos de Maceió
que são jogados no local, e aglutinam uma população a viver, em sua grande
maioria, em torno da renda miúda que o lixo pode gerar. É renda para quem se deu
ao aprendizado de agregar valor ao que foi declarado sem serventia numa
atividade misteriosa fundada na capacidade incrível de subsistir, gerando especialização profissional conhecida como
catador, que termina por montar um espaço, e determina a necessidade da existência de
formas de organização próprias.
A Favela do Lixão é, basicamente,
uma população de catadores; mesmo que nem todos os habitantes vivam direto do
lixo, a grande maioria dele subsiste, gerando a possibilidade de chamá-los de
sociedade coletora, e vê-los subsistindo numa das formas mais perversas da vida
humana. Esta sociedade coletora tem de se organizar para manter-se internamente
e para ter relacionamento com a grande sociedade. É assim que vão aparecer as
mais variadas formas de serviços internos, com suas rendas, seus limites, suas
significações. São várias as formas de escrever sobre este problema. Uma delas
é através do registro fotográfico.
Viviani Duarte passou oito meses
visitando a área, duas vezes por semana trabalhando com as crianças, numa
permanência em torno de 220 horas, dedicadas ao convívio, à observação, ao
registro fotográfico. É deste registro que publicamos treze fotografias, três
introduzindo emblematicamente a comunidade, e tudo terminando pela paisagem que
demonstra o contraste entre os coletores urbanos e a grande maravilha da
riqueza que é a orla. Achamos interessante publicar esta espécie de diário e partilhar
as imagens com nossos leitores, possivelmente mostrando o que poucos conhecem.
Viviani Duarte Acioli é graduada
em Psicologia - CESMAC, Especialista em Psicologia da Educação - PUC/MG, Especilaista
em Psicologia Clinica Hospitalar - UFAL, Especialista em Design Estratégico -
FEJAL, Especialista em Psicologia Jurídica - FACHO. Tem formação em
Arteterapia, é membro fundador e coordena o Fórum Permanente de Arte Educação
de Alagoas, é professora da FALe da FAMA e como artista visual realizou
exposições individuais e coletivas com fotografia.
É curadora da Galeria de Artes Visuais do Espaço Cultural do SESI.
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ACIOLI, Viviane Duarte. Lixo Lixo! Lixo?. O Jornal. Maceió, 01.fev. 2009. Espaço.
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8820169997764778745#editor/target=post;postID=3210060543548342140
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LIXO LIXO! LIXO?
Viviani Duarte
Os olhos livres tornam único o
sentido do momento, tão único quanto o piscar de olhos ou como a eternidade
fixada na fotografia. Estes meus registros fotográficos mostram e revelam
algumas situações encontradas por mim, no período em que visitei a comunidade da
Vila Emater. A minha permanência deu margem a que eu olhasse o grupo e seu
espaço. Fui identificando suas formas de organização, observando os serviços
que estavam montados na caracterização daquela vida. Moradores da comunidade
vivem e sobrevivem do lixo, e usam o que encontram de forma criativa e
necessária.
Minhas fotos são um diário de
minha permanência na comunidade e as explico a seguir:
. |
Foto 1
A simbologia do pássaro: o urubu, o verde, o coqueiro. O pássaro do lixo ou o lixo do pássaro?
Foto 2
A vila. O varal e o cotidiano que cria uma visualidade íntima quando a roupa sem seus corpos estão estendidas na rua, expostas ao público como uma cena sem personagens.
Foto 3
O guardião. O cachorro que pode ser qualquer um mas estava aguardando ou guardando o que os outros nao quiseram?
Foto 4 a 8
A escrita fora dos padrões gramaticais e ortográficos oficiais, mas com códigos identificáveis por seus moradores.
Foto 9
Comunicação. O mural que funciona utilizando ícones da mídia da cidade.
Foto 10
Comunicação. Como não existe numeração das casas, os moradores podem se identificar por seus nomes.
Foto 11
Foto 12
Lazer. Utilizando material tirado do lixo, na época da Copa do Mundo., bandeirinhas como em qualquer lugar que vai torcer pelo seu país.
Foto 13
Contraste. Em cima, o lixo produzido por quem
está abaixo, em suas casas seus apartamentos, e este lixo é
trabalhado por pessoas que vivem e sobrevivem deles.
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