Esta matéria foi publicada no tablóide Contexto do jornal
Tribuna Independente, Maceió, na edição de 23 de Outubro
de 2011
Um pequeno bilhete sobre
uma
coleção
de livros sobre índios
Trataremos da Coleção Índios do Nordeste: Temas e Problemas.
Contexto traz uma informação sobre a coleção e a história do Grupo Índios de
Alagoas: cotidiano e etnohistória. Um
dos volumes publicados traz trabalho de autoria de Ivan Soares Farias; o outro
é uma coletânea de textos sobre índios de Alagoas, organizada por Luiz Sávio de
Almeida, Amaro Hélio Leite da Silva e Gilberto Geraldo Ferreira.
A coletânea intitula-se Índios de
Alagoas: memória, educação, sociedade, trazendo estudos escritos por Rogério
Rodrigues dos Santos, Gilberto Geraldo Ferreira, Ivan Soares Farias, José
Ivanilson Silva Barbalho, Audenir Barros
da Silva Júnior, João Daniel Batista
Maia e Jorge Luiz Gonzaga Vieira.
O livro do Professor Ivan Soares Farias intitula-se Doenças,
Dramas e Narrativas entre os índios Jeripanko no sertão de Alagoas.
No próximo dia 29 do corrente, o Grupo mencionado estará realizando uma Mesa
Redonda intitulada Índios de Alagoas: cotidiano e economia.
O Grupo Índios de Alagoas: cotidiano e etnohistória
é um dos principais parceiros de Contexto.
Vale a pena tomar conhecimento da sua
produção. Compareça ao lançamento (dia
23 de outubro) e à Mesa Redonda intitulada Índios de Alagoas: cotidiano e
economia (dia 29 de outubro) para ter uma visão da questão indígena em Alagoas.
Luiz Sávio de Almeida
Mais um diálogo com os índios
Luiz
Sávio de Almeida, Amaro Hélio da Silva e Gilberto Geraldo Ferreira
Desde a primeira publicação, em 1999, a coletânea
Índios do Nordeste: temas e problemas
vem reafirmando o seu compromisso com uma nova visão sobre a história indígena
na região. Independente da diversidade teórica e metodológica presente nos textos,
os livros contribuíram tanto para retomada da questão indígena na vida
acadêmica, quanto para ajudar a subsidiar o movimento de resistência étnica dos
povos indígenas, especialmente em Alagoas.
Os trabalhos desta coletânea nasceram da Mesa Redonda Índios de Alagoas,
ocorrida na IV Bienal Internacional do
Livro de Alagoas, organizada pela Editora da Universidade Federal de
Alagoas (EDUFAL), com exceção dos textos dos professores José Ivamilson da
Silva Barbalho e Rogério Rodrigues dos Santos. Foram muitos autores – nacionais
e estrangeiros – que escreveram sobre os índios na Coleção. Tanto a diversidade
dos temas quanto a formação e atuação desses autores fizeram-na um espaço
democrático. É, também, um conjunto de trabalhos que não busca somente a
excelência acadêmica, preocupando-se, fundamentalmente, com a luta dos povos
indígenas. Este volume traz autores que dão continuidade a este propósito coim
todos eles fazendo parte do grupo Índios
de Alagoas: cotidiano e etno-história.
Gilberto Ferreira é formado em História e
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Ele é membro do
grupo de estudos Índios de Alagoas:
cotidiano e etno-história, do Centro
de Pesquisa e Documentação Maninha Xucuru-Kariri, do Núcleo de Estudos e
Pesquisa sobre Direito, Sociedade e Violência do Centro Universitário-CESMAC. Atualmente, é professor da rede municipal
e rede estadual, lecionando a disciplina de história; e também professor do
Curso de História do CESMAC Centro Universitário.
Ivan Soares Farias é formado em Direito pela
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e em Ciências Sociais pela Universidade
Federal Fluminense (UFF). Fez mestrado em Antropologia Social pela Universidade
de Campinas (UNICAMP). Desde 1998, é antropólogo do Ministério Público Federal.
É também professor de Introdução ao Direito e de Sociologia Jurídica do Centro
de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), fazendo parte do Núcleo de Estudos e
Pesquisa sobre Direito, Sociedade e Violência da mesma instituição.
José Ivamilson da Silva Barbalho possui
graduação e especialização em História pela Faculdade de Formação de
Professores de Garanhuns-PE. É mestre em Educação pela Universidade Federal de
Pernambuco, onde também faz o doutorado em educação. É professor da Universidade
Federal de Alagoas (campus Delmiro Gouveia), da Escola Estadual Egídio Barbosa-PE
e da Faculdade Católica São Tomás de Aquino-PE, atuando principalmente nas áreas
de História, Antropologia Cultural, e Filosofia da Educação.
Rogério Rodrigues dos Santos possui graduação
e especialização em História. Atualmente, é professor da rede estadual de
ensino e da rede municipal de Messias, atuando principalmente na área de
história. É membro do grupo Índios de Alagoas: cotidiano e etno-história.
Aldemir Barros da Silva Júnior é doutorando
em História Social do Brasil pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É
professor da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), atuando, principalmente,
na área de história regional.
Jorge Luiz Gonzaga Vieira é bacharel em
comunicação social, habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal de
Alagoas (UFAL). Tem mestrado em Desenvolvimento Local pela Universidade
Católica Dom Bosco (UCDB). É membro do Conselho Indigenista Missionário de Alagoas
(CIMI) desde 1986. É professor do Centro de Ensino Superior de Maceió (CESMAC),
atuando principalmente nas áreas de comunicação social, antropologia e
política.
João Daniel Batista Maia é aluno de
jornalismo do CESMAC. Foi membro do grupo de pesquisa A Prática do Jornalismo em Alagoas e a Diversidade Cultural:
Monoculturalismo e Etnogênese Koiupanká. Atualmente, atua como estagiário
na assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Planejamento e
Orçamento de Alagoas (SEPLAN-AL) e integra o Núcleo de Pesquisa em Antropologia
e Comunicação do CESMAC.
Desses estudos, dois deles se dedicam aos
povos Xucuru-Kariri, é o caso dos textos de Gilberto Ferreira e Rogério
Rodrigues sobre “as lembranças de Antonio Selestino, Pajé Xucuru-Kariri”; e de
Aldemir Barros sobre “o cotidiano dos índios aldeados” .
Comenta Rodrigues: “Antonio Selestino relata sua
trajetória que envolve a história do povo Xucuru-Kariri, ao qual pertence.
Aborda a luta que permanece até os dias atuais como estratégia de garantir a
memória e a cultura, bem como, a sobrevivência dos povos indígenas (FERREIRA;
RODRIGUES)”
Barros
por sua vez escreve: “O cotidiano é lugar de visita obrigatória para se
entender a interação do espaço aldeia com o espaço Posto Indígena. Ressalta-se
que são espaços construídos e sobrepostos. A Fazenda Canto representa a aldeia
possível para os Xucuru-Kariri no contexto do SPI. O cotidiano revela o lugar
onde acontece o encadeamento desta interação, permitindo observar o caminho
percorrido pelo grupo para construir a aldeia Fazenda Canto (BARROS).”
O de Jorge Vieira e João Daniel Batista Maia trabalha o papel dos meios de comunicação
impressa sobre a diversidade cultural do povo indígena Koiupanká: “O presente trabalho tem como objetivo
identificar e analisar o processo de resistência Koiupanká na convivência com a
sociedade sertaneja, a sua afirmação étnica e a luta pela conquista da terra,
educação, saúde e projetos de desenvolvimento econômico, considerando as
transformações políticas da emergência étnica. Neste contexto, avalia-se o papel
da comunicação impressa em Alagoas na veiculação de informações sobre as
culturas diversas, especificamente a do povo indígena Kouipanká e a luta por
seus direitos (VIEIRA; MAIA).”
O estudo de José Ivamilson Silva Barbalho
passa, fundamentalmente, pela pesquisa sobre a educação indígena, destacando-se
o lugar da escola para os povos indígenas do Brasil: “Em primeiro lugar, procuramos
destacar, sob quais situações se estabeleceu a cruzada catequética jesuítica,
refletindo particularmente sobre a concepção ou ideia de educação e escola
perspectivada pelo projeto missionário. Em seguida, discute-se o projeto de
integração indígena enquanto montagem da política indigenista do período
republicano, analisando quais tarefas seriam cobradas ao sistema escolar, na
organização dos programas educacionais para o índio, enquanto frente de
assimilação e contato. Por fim, nos detemos na análise dos desdobramentos da
educação escolar indígena e suas múltiplas configurações de interesses, a
partir das demandas advindas do processo pós-constitucional de 1988.”
Já o estudo de Ivan Farias Soares, trata da
etnohistória e etnicidade dos índios Jeripankó:
“Podemos afirmar que o
registro memorialístico de violências e fugas, fonte de diferentes narrativas
de domínio comum, se constitui elemento essencial da identidade Jeripankó. São
as histórias da expulsão da terra, seja pela posse direta, seja pela ocupação
do gado, ou mesmo das invasões da aldeia, que constituem a reinvenção
identitária dos Jeripankó (SOARES)”.
Como se pode notar,
Alagoas tornou-se um campo fértil para os estudos e pesquisas sobre os povos
indígenas, o que acontece pela relação existente entre política e academia. Nos
próximos números, a Coleção continuará discutindo e propondo sobre a vida
nordestina, tomando o índio como uma figura política essencial.
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