O JORNAL. Reforma Agrária. Comité de Mediação de Conflitos avalia ações. O
JORNAL. Maceió, 01 out. 2011, p. 3.
O Comité de Mediação de Conflitos
Agrários do Estado de Alagoas, cujo
presidente é o secreário-chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, reuniu-se
ontem para discutir a tramitação de processos de reintegração de posse no
Palácio Floriano Peixoto com a presença de representantes da Secretaria de
Estado da Articulação Social, da superintendente do Incra, Lcnilda Luna, da Defensoria
Pública, da Polícia Militar, do Juiz da
Vara Agrária, Airton Tenório e dos movimentos sociais (MSTe CPT).
Uma grande notícia compartilhada
durante o encontro foi a bem sucedida reunião entre o governador do Estado
Teotônio Vilela Filho (PSDB), com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso
Florence, e a superintendene do Incra, Lenilda Lima, realizada na última
quinta-feira, em Brasília. Durante a
reunião, Vilela expôs, a situação da reforma agrária em Alagoas e cobrou mais
agilidade na resolução dos pontos de
conflito tanto pelo Ministério como pelo Incra.
"Esta reunião prova que a
criação do Comitê [...] foi uma acertada
decisão do governador do Estado. O
Comitê é um espaço legítimo para a
discussão e a busca de soluções para a reforma agrária em Alagoas", firma Álvaro Machado, secretário-chefe
do Gabinete Civil.
Já para a superintendente do
Incra, Lenilda Lima, o encontro em Brasília foi histórico. "A reunião
entre o MDA, o Incra e o governador do Estado foi histórica. Um momento em que
todos os pontos importantes para a solução dos conflitos agrários em Alagoas
foram expostos e as devidas soluções pensadas e cobradas", disse.
REORDENAMENTO – A reunião também
serviu para avaliar o Seminário sobre Reordenamento Fundiário, ocorrido no dia
13 de setembro, e realizado pelo Comitêde Mediação de Conflitos com o objetivo de aprofundar o conhecimento
sobre o tema através do debate e do intercâmbio de experiências.
O Comitê de Mediação de Conflitos Agrários do Estado de Alagoas foi criado no dia 4 de
abril dc 2011, e tem por objetivo
dialogar com os movimentos sociais para viabilizar e agilizar questões
relacionadas ao Campo. As reuniões acontecem mensalmente.
ROSA, Láyra Santa. Distrito
Industrial está abandonado. O terreno está tomado pela mata, lixo e por
barracos de trabalhadores rurais da Liga dos Camponeses Pobres. O JORNAL, 04
out. 2011, p. 9.
O Distrito Industrial da cidade de Messias está abandonado. Há
quatro anos, a área que fica localizada às margens BR-104 era a garantia de
desenvolvimento do município e o sonho do emprego fixo para a população. O
tempo passou e os 14 hectares de terra
estão tomados pelo lixo, mato alto e por barracos de integrantes da Liga dos
Camponeses Pobres, que sem ter onde morar, espera conseguir a casa própria.
A área não lembra de longe um
pólo industrial. Não existem placas ou sinalizações que apontem o projeto. No
local deveria existir uma fábrica de pre-moldados, uma distribuidora de papel,
uma avícola, além de uma distribuidora de combustivel, que já tinham demonstrado
interesse em construir suas sedes na
região. Sem o avanço das negociações com a prefeitura da cidade, algumas
empresas ainda se arriscaram e resolveram murar os terrenos, porém o projeto
não passou disso.
Sem a instalação das fábricas e
empresas, os integrantes da Liga dos Camponeses Pobres resolveram ocupar a
área. "Somos cem famílias, que não
temos casa e nos sentimos no direito de ocupar essa área. Estávamos vivendo sem nenhuma estrutura e como esses
terrenos foram abandonados, resolvemos trazer nossas famílias e vir morar
aqui", contou Renato da Silva, uma das lideranças do acampamento. "Há
alguns anos diziam que iam ser
construidas fábricas nessa área, mas o tempo fui passando e nada foi feito.
Para gente é bom que continue
assim, pois queremos nossas casas"
disse um integrante do movimento.
Ele contou ainda que está
entrando na justiça para pedir a desapropriação do terreno, para que seja
loteado e entregue as familias. "Se eles não querem construir nada aqui, a
gente quer. É a nossa esperança de ter uma casa. Somos sem teto e lutamos há
muitos anos por esse espaço",
afirmou.
A reportagem de O JORNAL tentou
entrar em contato com a prefeita Vânia Brandão, mas ela não estava na
prefeitura da cidade. Quem explicou a
situação do distrito industrial foi o chefe de gabinete, Ismar Vieira De acordo
com ele, as instalações das fábricas não foram adiante, devido ao impasse que
ocorre com a duplicação da BR-104, que deve cortar exatamente o terreno onde seria instalado o distrito.
"A Prefeitura de Messias
está na justiça para tentar rever o projeto da duplicação da rodovia. Pelo que
sabemos, a obra deve desapropriar uma parte do distrito industrial e dessa
forma acaba atrapalhando o protcto inicial “, falou Ismar Vieira. "Temos todo interesse que esse distrito
industrial seja instalado, mas por causa desse impasse não é vantagem para as empresas. Há quatro anos
estamos nessa espera, tentando resolver essa situação".
O chefe de gabinete disse ainda,
que com essa demora na implantação do distrito industrial várias empresas já
desistiram de se instalar em Messias. "Tínhamos várias propostas que
representavam mais empregos e mais impostos para a cidade, mas com essa
pendência, muitas já desistiram Tinha uma distribuidora de papel que já foi
para Marechal Deodoro, o restante está tudo parado", colocou. "Em
relação ao pessoal que invadiu o
terreno, eles estão justamente onde irá passar a rodovia. Sabemos que
eles estão naquela área provisoriamente, então não termos problema. O que
esperamos é que o projeto de duplicação mude e não nos afete ainda mais".
FATOS E NOTÍCIAS. FOICE & ENXADA. GAZETA DE ALAGOAS. Maceió, 11 out. 2011, p 13
O MST em Alagoas esta em pé de guerra com о promotor de Atalaia, Sóstenes de Araújo
Gaia. Segundo as lideranças do movimento, numa audiência, ele teria dito que,
dos sem-terra "parte toda a bandidagem do município". Será?!
TRIBUNA INDEPENDENTE. ATALAIA. MST repudia declaração de promotor Sóstenes
de Araújo. Tribuna Independente. Maceió, 11 out. 2011, p. 4.
A direção estadual do Movimento
dos Sem Terra (MST), por meio de sua assessoria de imprensa, emitiu uma nota de
repúdio em contraponto à declaração do promotor de Justiça, Sóstenes de Araújo
Gaia, atual responsável pela Comarca de Atalaia.
O promotor, em audiência pública
promovida na Câmara Municipal de Atalaia, atribuiu aos membros do MST os
índices de criminalidade no município: "o problema dos sem-terra, que é de
onde parte toda bandidagem do município". Sobre o acontecimento, o
movimento enviou uma nota onde externa sua posição contra as declarações do
promotor. "Sentimos na carne as questões da violência em nossa sociedade.
A violência social e a violência do Estado quando não garante direitos
constitucionais aos cidadãos. E temos feito nossa parte para minimizar estas
violências. Imaginem o que seria dos milhares de trabalhadores que foram
descartados das
terras das Usinas Brasileira e Ouncurí em Atalaia após falência, e com a apropriação indevida daquela terras por fazendeiros e autoridades; se não tivessem encontrado no MST a possibilidade de ter terra, trabalho e moradia
terras das Usinas Brasileira e Ouncurí em Atalaia após falência, e com a apropriação indevida daquela terras por fazendeiros e autoridades; se não tivessem encontrado no MST a possibilidade de ter terra, trabalho e moradia
digna", diz a nota.
Em outro trecho, o movimento
reafirma e garante continuar com a luta: "O MST em Atalaia é alvo de inúmeras
tentativas de barrar a luta pela terra, prova disto é o histórico de violência
contra a luta e os trabalhadores, tendo três mortes só neste município, através
de consórcios de fazendeiros e grileiros de terra com
a conivência de autoridades (Chico do Sindicato, José Elenilson e Jaelson Melquía, todos assassinados, impunes até hoje). Buscando criminalizar o Movimento e construir uma imagem negativa".
a conivência de autoridades (Chico do Sindicato, José Elenilson e Jaelson Melquía, todos assassinados, impunes até hoje). Buscando criminalizar o Movimento e construir uma imagem negativa".
GONÇALVES, Maurício. REVOLTA. Famílias são retiradas de área rural. CLIMA DE TENSÃO
MARCOU A REINTEGRAÇÃO DE POSSE DA FAZENDA SANTA AMÉLIA E PM ESTEVE A POSTOS PARA
CONTER OCUPANTES. GAZETA DE ALAGOAS. Maceió, 12 out. 2011, p. 13.
Marechal Deodoro - O juiz mandou, a polícia cumpriu e о despejo aconteceu. Dona Maria chorou:
"Só tenho Deus роr
mim e a coragem para trabalhar na roça. Mas depois de tudo plantado, vieram
tirar a terra da gente, vieram tirar a gente da terra". Maria Verônica do
Nascimento está entre as cerca de cem famílias de trabalhadores sem-terra que
encararam a Polícia Militar (PM), ontem pela manhã, na Fazenda Santa Amélia, em
Marechal Deodoro.
O choro dela não
foi nem notado pelos 60 homens da 5ª Companhia Independente da PM, que
mantinham a formação de combate, próximo aos barracos de taipa e de lona. Eles
tinham de cumprir a determinação do juiz da 29ª Vara Cível, Ayrton de Luna
Tenório, para reintegração de posse da área ocupada há quatro meses, próximo a
margem da rodovia AL-215. Se houvesse resistência, a ordem seria imposta a
força.
O Batalhão de
Operações Especiais (Воре)
e outras unidades da PM estavam de sobreaviso para reforçar a operação de
despejo. Para evitar о
pior, os negociadores do Centro de Gerenciamento de Crises entraram em ação.
"Não dá para a gente tirar tudo daqui em um dia só", gritava um dos
líderes do acampamento, que não quis revelar о nome. "Nós viemos aqui no dia 15 de setembro, era para vocês terem saído no
dia 26, então já se passaram 25 dias, não e um dia só", rebatia о major PM Alessandro Paranhos.
Os sem-terra ligados a Liga dos Camponeses Pobres
(LCP) esperavam pelos coordenadores da entidade para negociar e dar
entrevistas, mas curiosamente ninguém da LCP se fez presente para ajudá-los. O clima ficou tenso com a chegada da imprensa.
No começo, um dos agricultores tentou impor a ordem de que era proibido fazer
fotografias e que ninguém deveria dar entrevistas.
Os repórteres fotográficos Pablo de Luca e Marcelo
Albuquerque começaram a registrar as imagens da negociação com a PM e foram
intimidados por este mesmo líder, que não queria revelar о próprio nome, nem о de ninguém do acampamento. Mas, aos
poucos, outros sem-terra deixaram claro a equipe da Gazeta que queriam
dar entrevistas, sendo identificados e fotografados.
Entre eles, a agricultora Cícera Paula dos Santos
explica que о
problema dessa terra está em uma negociação muito mal-explicada envolvendo a
prefeitura do município. De posse da escritura da área de 68 hectares, os sem-terra afirmam que о antigo proprietário, Francisco Carlos
da Rocha Melo, vendeu a terra para a Prefeitura de Marechal Deodoro por R$ 50 mil, no ano 2000.
"Tem alguma
coisa errada, isso aqui era mato que não tinha dono, depois que a gente fez a
bondade nas terras, plantou milho, mandioca, feijão, abobora e tudo mais, vem о
antigo dono que vendeu a prefeitura dizer que não recebeu о
dinheiro. Você acredita nisso?", pergunta Cícera, que acampa com cinco
filhos e seis netos, na espera de melhorаr о
sustento da família com a colheita da roca.
No
debate com os PMs, os sem-terra deixaram claro que não abririam mão da roca
plantada, segundo eles, cerca de dez hectares. "Ou pagam indenização ou
deixam a roca com a gente", disse logo a agricultora Maria Elizabete da
Silva. "Não adianta alguém querer destruir a nossa plantação, se chegar
algum trator aqui a gente queima", ameaçou о
homem, que não queria se identificar e nem permitir о
trabalho de reportagem.
Terra teria sido
vendida a município
Sem
ter nada para esconder nem medo de se identificar, о
artesão e agricultor Cícero Aristides dos Santos mostra os calos das mãos e diz о
que pensa, sem rodeios. "Essa terra aqui foi vendida para a prefeitura e
agora о
antigo dono quer dar о golpe do baú
para arrendar à Usina Sumauma. Estava tudo improdutivo", afirma Aristides,
enquanto já retirava as telhas de um barraco, para evitar que о
material fosse destruído com о despejo.
As
negociações avançaram e os sem-terra decidiram levar os barracos que estavam
mais longe da pista para a faixa de domínio, que fica numa distância de vinte
metros do centro da rodovia AL-215. Dessa forma, a ordem de reintegração de
posse estaria cumprida, sem mais mazelas. Quanto à roca, não seria papel da
polícia destruí-la. A missão era apenas retirar as famílias da área em questão.
A faixa de domínio não pertence a fazenda, é
área do Estado.
Segundo о
major Paranhos, os trabalhadores rurais mostraram a escritura informando sobre о
pagamento de RS 50 mil de indenização
pela prefeitura, mas este documento não estaria registrado em cartório. Como о
antigo proprietário alega que não teria recebido о
pagamento, entrou com a ação para reaver a área e ganhou a causa na Vara
Agrária.
A
Liga dos Camponeses pode recorrer dessa decisão de primeira instancia.
Após ação, sem-terra se mudaram para faixa de domínio
SOUZA, Natália. AO AR LIVRE. Feira leva consumidores à praça. GAZETA DE ALAGOAS. Maceió,
20 out. 2011, p. 16.
Teve início ontem, na antiga Praça da Faculdade, em Maceió,
a 15a edição da Feira Camponesa, tradicionalmente realizada pela
Comissão Pastoral da Terra (CPT). A feira, que fica montada até sábado (22), conta com mais de 100 barracas de produtos eco-agronômicos e com
programação cultural.
Assentados e
acampados de municípios de Água Branca, Major Izidoro, Olho d'Água das Flores,
Murici, Maragogi. Branquinha, entre outros, estão espalhados nas barraquinhas
erguidas com lona e madeira, onde expõem mais de
100 variedades de frutas, verduras, sementes, especiarias e produtos
manufaturados como cocada, tapioca e beiju.
A freguesa Nilma
Ferreira aprovou a feira. "Estou gostando, está melhor que a outra, mais
organizado e limpo, inclusive", comentou Nilma, que comprou laranja, limão
e inhame.
Vantagem para o
consumidor, retorno para os comerciantes. Assentada de Maragogi, Maria Eunice
montou uma barraca de bananas, cana, água de coco e outras frutas. "A
feira é a felicidade da gente. Ajuda a complementar a renda", afirmou.
"Plantar, Colher e Repartir". Reforçando o
tema da Feira Camponesa a agrônoma e coordenadora da equipe técnica da CPT,
Heloísa Amaral afirmou que são muitos os atrativos. "As pessoas têm a
oportunidade de negociar as compras diretamente com o produtor, sem o intermédio
do atravessador, e além da qualidade do produto, que não possui agrotóxicos, o
custo é bem em conta", disse.
Ontem a exibição do
documentário O veneno está na mesa e a edição do Papel no Varal abriram
a programação cultural, que ainda contará com forró pé-de-serra e o tradicional
bingo do carneiro, que acomece hoje.
Frutas, verduras, entre outros
produtos podem ser adquiridos a preços em conta
CARVALHO, Severino.
ASSENTAMENTOS. Incra anuncia retomada de obras. SUPERINTENDENTE DE ÓRGÃO DIZ QUE REGIÃO EM MARAGOGI TERÁ PRIORIDADE EM 2012. GAZETA DE ALAGOAS. Maceió, 20 out. 2011, p. 16.
Maragogi - A
superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Lenilda Lima, anunciou que os 21
assentamentos instalados em Maragogi terão prioridade no orçamento do órgão
federal para o próximo ano. As ações serão focadas, sobretudo, nas obras de
infraestrutura para garantir o escoamento da produção agrícola e o acesso das
comunidades às políticas públicas, principalmente de saúde e educação. Foi a
segunda vez que a superintendente esteve em Maragogi desde que assumiu o
órgão federal em junho.
"Nós temos de ter um olhar diferenciado para essa
região que forma um grande complexo da reforma agrária no Estado", destacou
Lenilda, em reunião com representantes dos assentamentos do Incra instalados
em Maragogi. A última vez que as estradas vicinais receberam obras e melhoramentos
por parte do Incra foi em 2005. No
inverno deste ano, diversos núcleos rurais da reforma agrária ficaram ilhados
por causa das chuvas que deixaram as estradas intransitáveis.
O encontro entre a
superintendente do Incra e os presidentes de assentamentos aconteceu na tarde
da última terça-feira no auditório do 6°
Batalhão de Policia Militar, em Maragogi, e foi pleiteado pelas associações rurais
e movimentos sociais. O chefe do setor de Infraestrutura do Incra, Marcos
Bezerra, recordou que o orçamento deste ano foi apertado, cerca de RS 3,5 milhões, e que por isso o Incra contemplou
apenas as cidades de Matriz do Camaragibe, São Luís do Quitunde e Jacuípe,
atingidas pelas chuvas de inverno.
De acordo com ele, obras iniciadas em 2010 e que foram paralisadas serão retomadas
e concluídas ainda esta ano, a exemplo do abastecimento de água e reforma de
casas. "Tivemos uma dificuldadezinha com relação ao pagamento das
empresas e elas estão recomeçando para que possam finalizar obras em Buenos
Aires, Javari, Samba, Mangebura, Itabaiana e Espírito Santo que são
assentamentos contemplados com obras de abastecimento de água”.
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