terça-feira, 2 de outubro de 2012

Bicas, Minas Gerais: Ginásio Francisco Peres e seu hino

 Bicas, Minas Gerais:  Ginásio Francisco Peres e seu hino
Luiz Sávio de Almeida

                Eu tinha que fazer o exame de admissão, sair do primário, do Grupo Escolar e entrar no Ginásio Francisco Peres, começando uma nova etapa de vida:  ser ginasiano. Não me lembro da idade: era um denada. Nós já havíamos saído da casa em que morávamos, na pequena rua sem calçamento que levava para os lados do Ginásio. Morávamos agora em frente ao Forum. Era uma andada pequena e estava o ginasiano no Francisco Peres. Havia um terreno em frente, próprio para uma praça e, acima, na testa de uma pequena ladeira, o prédio da escola. Eu pouco me lembro do prédio e das pessoas.  O terreno à frente era pessimamente cuidado e a praça era mais uma ficção do que realidade.
                Resta um quase nada de lembrança; lembro-me o livro de geografia, decorando a capital dos estados e de países, oceanos, plantas e o mais a quatro para passar no Exame de Admissão. De quem me lembro? Dona Maria Baião, um nome engraçado para um nordestino, uma professora de Canto Orfeônico e trabalhos manuais que insistia em um ponto: eu tinha que saber desenhar gregas.  Ela está para mim, sempre vestido de preto e a suponho viúva de luto fechado pelo desaparecimento do marido. Com ela, insistentemente, aprendi o hino do ginásio. Lembro de uma professor parece que Schetine e não sei o que ensinava: seria ciências? A esposa do Dr. Cascardo, o Juiz de Direito; ela ensinava história. Contudo, guardo claramente a figura sempre lembrada de um homem, velho professor, acho que advogado e que teve expressão política na cidade. Foi a pessoa que, de fato, marcou minha lembrança de Bicas: Dr. Bianche.
                Para dentro, havia um campo de futebol, utilizado, também, pelos clubes de Bicas. Em uma lateral, oposta ao prédio, uma barreira de onde pulávamos para um monte de areia, numa espécie de prova de coragem. Mais para dentro, uma matinha, e era onde brincávamos  pendurados em um cipó, dando uma de jungle. Pular e usar o cipó eram horas em que o ginásio estava fechado e muitas peladas batemos, também, fora do horário da escola.
Pouco ficou e nada do que restou é claro. Contudo, ficou  o hino do Ginásio Francisco Peres, qualquer certa ou errada, mas sempre o hino em minha cabeça:
Saudemos orgulhosos nossa terra,
Berço puro de nobre instrução
E teremos uma vitória absoluta
Numa graça toda original
Nossa escola nos dá o ensino
De que carecem os nossos misteres
Por isso entoamos no hino
Salve o Ginásio Francisco Peres.
Brademos bem alto hosana
Cantemos cheios de amor
Pois no esplendor da glória
Um lábaro produz vitória
Que desdobrando
Vai conquistando
O Brasil de Norte a Sul
Nossa bandeira
Bem brasileira
Embora seja simplesmente alvi azul.

Era por aí, a letra do hino. Não sei quem foi Francisco Peres. É pena não saber. Nem sei, também, como era o hino: pareceria com o que escrevi?