sábado, 10 de dezembro de 2011

[BANCO DE IMAGENS: CIDADE: PROPRIÁ: SERGIPE] ALMEIDA, Luiz Sávio de. Própria: sua igreja e chaminés


O texto sobre as fotografias está da forma como foi redigido em campo,  logo após ter sido tirada a foto ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas.

Propriá:  sua igreja e chaminés
Luiz Sávio de Almeida

   As fotos foram tiradas durante a Opara ou Racha II. Pripriá sempre me chamou a atenção por alguns fatos simples. O primeiro deles é o lamento absolutamente triste e gemido de Luiz Gonzaga em um baião que fala da Rosinha que ficou em Propriá.  Outro é mais família:  é lá que se encontra enterrada a minha avó Adelaide,  mãe  de meu pai.  É vizinha do Cedro, onde havia uma famosa carne do sol. E finalmente, recordo uma cachaça que tomei em Porto Real do do Colégio.

   Era meninote. Minha mãe foi até Arapiraca, passar o Natal com a vovó Dondon, que morava na casa da Tia Lurdes. O casal aproveita e vai visitar a velha Adelaide.  Pelo que me  recordo, ainda não havia a ponte ligando Alagoas e Sergipe e que seria tão reclamada pelo povo do Penedo. Já estava construído o hotel que  ficava  perto da estação de Colégio.  Tomamos dois quartos. Lembro dos banheiros estarem imprestáveis e o cheio nauseabundo que assumia os ares. 

   Meu pai e minha mãe tomam uma canoa. Preferi ficar. E fiquei e emburaquei na cachaça e o resultado foi quase uma coma alcoólica, e quem sabe não  estive. Lembro de vomitar sem parar com o rosto quase dentro da latrina imunda.  Barbaridade. Propriá me olhava do outro lado, rindo sem parar. Pela segunda vez: barbaridade.

   


Aqui está a famosa ponte numa péssima fotografia. A ponta da canoa se intromete e um pequeno ramalhete de baronesa desce devagar. A baronesa desce. O rio às vezes leva um balsedo para o mar. É um belo espetáculo.





Eis a estranha vista da cidade com as torres sem proporção e sem harmonia.  A sujeira domina a beira desta praia. Um velho ponto comercial em evidência, foi um restaurante. Hoje está completamente abandonado. Já almocei várias vezes aí. Do lado direito, nas noites de sexta a domingo, funciona a vida boêmia da cidade.







Aqui, aparecem os espigões das chaminés, tempo das beneficiadoras de arroz, que foram sumindo com a mudança do arroz de vazante.









Aí está a lateral da igreja. Sou fascinado pelo prédio que se encontra à esquerda. Nada entendo. Apenas acho bonito. Gosto de ver, mas de longe.




[BANCO DE IMAGENS: RIO SÃO FRANCISCO: TRAVESSIA DE GADO] ALMEIDA, Luiz Sávio de. A travessia do gado no São Francisco






O texto sobre as fotografias está da forma como foi redigido em campo,  logo após ter sido tirada a foto ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas.
 
A travessia do gado no São Francisco

Luiz Sávio de Almeida


Sempre gostei de ler sobre a história do rio de São Francisco e sempre o entendi como ligado à pecuária que fez a geografia econômica de Alagoas. Uma das cenas que passava pela minha cabeça quando lia sobre as boiadas era, justamente, os bois atravessando de uma margem para outra, inclusive, numa época  quando existia muita piranha. Acho que em 2010, mergulamos no rio, um grande grupo de amigos dando continuidade ao que chamamos de OPARA OU RACHA  II. Por um desses acasos da vida, estávamos no Penedinho quando, de repente, uma pequena boiada  seria atravessada para a Ilha em frente.

Claro que tudo estava diferente: a margem, o rio, a paisagem, o próprio gado. No entanto, com boa vontade dava para fechar os olhos e sonhar o passado. Foi o que decidi fazer, mas exatamente o contrário no que diz respeito a fechar os olhos. Era sonhar com os olhos abertos e reduzindo o tamanho do mundo e do sonho ao visor da máquina. 

Foto 1

Eis o gado talvez adivinhando; bicho magro que iria de engorda para a ilha. As costelas da novilha castanha, aparecem clara. Nem cheiro do que era chamado de boi curraleiro e nem mesmo do boi do Moxotó, bicho pequeno e do chifre grande. Está aí, um lote do que se diz pé duro, alguns com pinta de pingos de sangue nelore. 



Foto 2

Num de repente, o nome da canoa me chamou atenção e nem precisa comentar a razão. O texto miúdo, enxuto, indicava uma ação de ir, quando apontava o futuro, ou de estar acontecendo? Tô indo, na realidade, é corrente com sinônimo de vou já. Ouvi muto em casa: "Manoel (era meu pai), venha almoçar (chamava minha mãe)!". Meu pai respondia: "Tô indo!". E a velha Maria José de Almeida sabendo que não havia pressa neste ir, falava sério: "Pois venha já!".  Voltando à vaca fria, aposto como o gado sabia que iria atravessar o rio e que tava com medo.



Foto 3

E começa a aventura. Os bois foram imprensados em um canto; não tinham como fugir. Os vaqueiros entraram como espécie de cunha, para facilmente irem à esquerda ou à direita. O chefe está de camisa branca e a seu lado, um pequeno bezerro. Não se vê cachorro.


Foto 4

Fica a retaguarda e são dois vaqueiros menores, sinal de que não podem enfrentar o problema que se dará à frente.


Foto 5
Começa a aventura da travessia. Apertado pelos vaqueiros, o gado não pode ir adiante. Foi colocado um obstáculo. Trata-se de uma canoa, da qual se pode verificar o bico. É de notar o gado já entrando na água do rio, a tatear o  chão. Beira de rio às vezes é perigosa: pode haver um barranco.
Foto 6

Começa a travessia; quase toda a boiada já se encontra na água e os bois terão de nadar; alguns tentarão voltar e outros tentarão pisar na ilha. 



Foto 7

Não há mais o que fazer. O chefe dos vaqueiros volta.


Foto 8

Um deles fica em vigilância para caso de boi voltar.



Foto 9

É a canoa que vai tomar conta da boiada. O vaqueiro se transformou em canoeiro. 




Foto 10

Os bois nadam, alguns ameaçam a volta. Ali é fundo demais.



[BANCO DE IMAGENS: CIDADE: PIRANHAS: ALAGOAS] ALMEIDA, Luiz Sávio de. Uma viagem a Piranhas.

O texto sobre as fotografias está da forma como foi redigido em campo,  logo após ter sido tirada a foto ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas.


Uma viagem a Piranhas
Luiz Sávio de Almeida

Uma pequena introdução

Eu conhecia Piranhas; passei por lá diversas vezes.  Sempre tive a vontade de demorar, passear e, como dizia a velha minha mãe: apreciar. Em outubro, houve a oportunidade; fomos, Myrian e eu acompanhando um casal amigo. Valeu a pena. Não me resta dúvida de que se trata de uma cidade bem cuidada e que  se cuida também, começando a crescer,  significativamente, a ideia de que o turismo é uma fonte econômica de primeira grandeza. 

 Aliás,  Piranhas atualmente já é o terceiro município alagoano em termo de destino e amplia a sua capacidade de receber. Eles vendem diversas mercadorias: uma delas, é a sua história  de alta ligação com o cangaço, de onde se tem a presença do Capitão Virgulino. Outra, a beleza do estreitamento do São Francisco e afloramento de suas rochas; finalmente, o próprio senso da população de que algo transformou a economia urbana. Falta, sem dúvida, bem mais sobre a  história do local, a sua função no povoamento sertanejo. 

As fotos que apresentamos são singelas e todas, praticamente,  tiradas do mesmo ponto alto,  visando um panorama ou vistas gerais. Eram para um arquivo de imagens de Alagoas – espécie de Banco de Imagens – que mantemos e que, pouco a pouco, iremos dando uso público ao colocar no nosso blog.

Então, fica com você o que vi de cima de um alto, numa manhã bem cedo de um dia de domingo. Para algumas das fotos,  foram feitas anotações em campo e elas estão reproduzidas da mesma forma como estão na caderneta da viagem. Muitas delas foram escritas na solidão da noite, repassando o trabalho do dia.

As fotos

Foto 1
Mestre de baixo, não se aventura a navegar aqui. Basta ver as pedras aflorando. Não é fácil. A beleza do rio é fantástica, como se fosse uma sanfona indo e vindo em termos de distância entre as margens. Foi tomada nas cercanias do local de filmagem de Borodogó. O dia estava chuvoso e o céu pesado. O verde deverá ser menos verde e a linha de horizonte difusa.



Foto 2
Foi deste ponto, que tirei quase todas as fotos. Isto é um farol e é claro que tinha a ver com a navegação no rio, na época em que Piranhas era um entreposto significativo.

     


Foto 3 
Uma outra visão do rio, ângulo mais aberto


Foto 4
A solidão do cemitério e a sua brancura no sertão


Foto 5
Achei bonito o contraste entre o caminho tosco e o branco da torre da Igreja.  Era como se a torre fosse uma espécie de cartaz dizendo: a cidade está aqui.


Foto 6
Ampliando o ângulo anterior, para mostrar o relevo


Foto 7
A imensa tira da escadaria branca, ajuda a ver as variações na altura dos pequenos montes que fazem Piranhas. Eu senti que a fé sobe montanhas. A igreja lá em cima, preferiu olhar para a foz do rio. Seria um umbigo deslocado ou estou complicando?



Foto 8
A confusão harmônica, causada pela conquista do espaço sobre o relevo.  O branco das escadarias parece seccionar e não integrar, mas isto não importa para quem anda em Piranhas pois ninguém sobe por minha fotografia e nem tende a ficar parado pensando besteira.



Foto 9
Uma foto de maior aproximação e eliminação da maioria das escadas. O conjunto das quatro casas centrais me fascina, especialmente quando vejo as cinco portas brancas, em contraste como buraco negro na segunda casa da esquerda para a direita.




Foto 10 
O futebol de salão, a espinha de peixe das escadas, as três casinhas bem na extrema direita, o estranho da casa em relevo,em frente ao campo, como se fosse a semelhança de si mesma e indicando que somente se olha a leste.


Foto 11
O outro lado de Piranhas é um nada e poderia ser? Fica tudo  numa exígua faixa de terra baixa.


Foto 12
O progresso. Sertão vai virar mar?