O texto sobre as fotografias está da forma como foi redigido em
campo, logo após ter sido tirada a foto
ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas.
A travessia do gado no São Francisco
Luiz Sávio de Almeida
Claro que tudo estava diferente: a margem, o rio, a paisagem, o próprio gado. No entanto, com boa vontade dava para fechar os olhos e sonhar o passado. Foi o que decidi fazer, mas exatamente o contrário no que diz respeito a fechar os olhos. Era sonhar com os olhos abertos e reduzindo o tamanho do mundo e do sonho ao visor da máquina.
Foto 1
Eis o gado talvez adivinhando; bicho magro que iria de engorda para a ilha. As costelas da novilha castanha, aparecem clara. Nem cheiro do que era chamado de boi curraleiro e nem mesmo do boi do Moxotó, bicho pequeno e do chifre grande. Está aí, um lote do que se diz pé duro, alguns com pinta de pingos de sangue nelore.
Foto 2
Num de repente, o nome da canoa me chamou atenção e nem precisa comentar a razão. O texto miúdo, enxuto, indicava uma ação de ir, quando apontava o futuro, ou de estar acontecendo? Tô indo, na realidade, é corrente com sinônimo de vou já. Ouvi muto em casa: "Manoel (era meu pai), venha almoçar (chamava minha mãe)!". Meu pai respondia: "Tô indo!". E a velha Maria José de Almeida sabendo que não havia pressa neste ir, falava sério: "Pois venha já!". Voltando à vaca fria, aposto como o gado sabia que iria atravessar o rio e que tava com medo.
Foto 3
E começa a aventura. Os bois foram imprensados em um canto; não tinham como fugir. Os vaqueiros entraram como espécie de cunha, para facilmente irem à esquerda ou à direita. O chefe está de camisa branca e a seu lado, um pequeno bezerro. Não se vê cachorro.
Foto 4
Fica a retaguarda e são dois vaqueiros menores, sinal de que não podem enfrentar o problema que se dará à frente.
Foto 5
Começa a aventura da travessia. Apertado pelos vaqueiros, o gado não pode ir adiante. Foi colocado um obstáculo. Trata-se de uma canoa, da qual se pode verificar o bico. É de notar o gado já entrando na água do rio, a tatear o chão. Beira de rio às vezes é perigosa: pode haver um barranco.
Foto 6
Começa a travessia; quase toda a boiada já se encontra na água e os bois terão de nadar; alguns tentarão voltar e outros tentarão pisar na ilha.
Foto 7
Não há mais o que fazer. O chefe dos vaqueiros volta.
Foto 8
Um deles fica em vigilância para caso de boi voltar.
Foto 9
Foto 10
Os bois nadam, alguns ameaçam a volta. Ali é fundo demais.
Oi Luíz, adorei suas fotos, muito lindas mesmo. Encontrei buscando imagens sobre travessias de gado no Rio São Francisco. Essas são perfeitas.
ResponderExcluirSerá que poderia me conceder o direito de reproduzir uma delas num material didático infantil para escolas públicas? Com créditos, claro!
fica à vontade para reproduzir e obrigado por sua honestidade. fico pensando como é bom ser útil. quando publicar lembra de mim e manda um exemplar. Muito obrigado mesmo por sua honestidade.
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