segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

[BANCO DE IMAGEM: CIDADE: MACEIÓ: PRAÇA DEODORO] Luiz Sávio de Almeida. Maceió: a Praça Deodoro em um sábado. Outubro. 2005.



Maceió: Praça Deodoro: Paisagem: Cotidiano: 2004






O texto sobre as fotografias está da forma como foi redigido em campo,  logo após ter sido tirada a foto ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas. As fotos foram tiradas para posterior comparação. Infelizmente perdemos as anotações de visada e coordenadas. Na verdade,  a fotografia está sendo usada para realizar uma espécie de etnografia urbana, tentando captar cenas do cotidiano de diversos pontos de Maceió, além de montar uma série de imagens que na certa ajudarão,  no futuro, a quem desejar estudar a cidade e sua vida.








Passei um tempo  procurando  ver um pouco da vida que se transcorria,  entendendo a velha Deodoro como multiplicidade de situações e tentando dialogar com ela. Sabia que era extremamente difícil seguir esta linha, mas desejava documentar o máximo possível, na tentativa de deixar material à disposição de outros pesquisadores. 

Eu me preocupo e muito, em deixar algo que eles possam utilizar, dando cenários da vida de Alagoas e montando este Banco de Imagens que tenta sistematizar uma visão do que seria a vida em Maceió e no Estado em geral. Interessante é que o nome pomposo de Banco de Imagem abriga apenas um encontro entre um olho e uma realidade, a partir da mediação de um tipo de escrita com a luz. 

A magia de deter a imagem é atordoante. Não tenho a preocupação de uma composição artística mas, também, não desejo apenas que haja mecânica de obturador. Quando registro o que vejo, especialmente parando para estar, alguma pergunta ou inquietação – quem sabe o adequado seja estranhamento – deve surgir. 

O grande problema é que estou no cinema mudo e sem mímica: há toda uma representação na foto que depois deve ser ponderada. É quando ela convida ao diálogo,  pede que a gente se demore sobre coisas e pessoas e assim, uma foto gera um infinito de textos. 

Escreva o seu na sua cabeça; deixe sua imaginação  correr pelo tempo. Navegue. O Banco de Imagem é um apelo para navegar.







Tribunal de Justiça

Eu nunca achei este prédio bonito, mas eu sou um tolo, pois ele não foi feito para que eu achasse qualquer coisa. É como se eu fosse um intrometido na arquitetura dos outros.  Ele está amarelo e já teve diversas outras cores.  Às vezes eu penso que um  prédio é uma eterna atualização e, assim, ele não cristaliza uma forma e nem um modo de ser. Na certa eu perdi o senso, como diria o antigo poeta.

Hoje, o prédio me soa (esse me soa é horroroso) como acanhado para ser um Tribunal de Justiça. Teria sido esplendoroso? Na certa, não sei. Gosto dele em fatias; uma fatia de janela, como se fosse uma fatia de bolo; detesto a coluna, mas adoro a porta.







Isso parece uma prateleira. A estátua está sendo proporcional ao que vou chamar de ornatos? A deusa está menor do que seus próprios enfeites? A minha ignorância em arquitetura chega a ser um plural. O idioma pátrio – se é que existe – deveria permitir que eu dissesse sem medo: a minha ignorâncias.




 Teatro Deodoro

O Proclamador da República está sozinho nesta Praça que tem seu nome.  Ele vem das bandas de Anadia. Arranjaram um gesto heroico e ninguém consegue imaginá-lo com o chapéu na cabeça. Este é um dos pequenos desconfortos do herói.  Obrigam a que ele rompa com o "vulgar"  do dia a dia.  A minha ignorâncias é tanta, que acho pouca base para muito cavalo e cavaleiro. Uma estátua obelisco? Lá pelo fundo, o belíssimo Teatro Deodoro. Será que Deodoro gostava de teatro?




É sem dúvida, algo de tirar o chapéu. Belíssimo, mas foi ancorado sobre o veio de uma imensa pobreza. Neste sentido, a beleza chega a ser acinte e ela agride.  Está é a forma pomposa da alta burguesia manifestar-se  em culto ao seu próprio esplendor, contrastando imensamente com o pequeno das casas pobres que faziam este lado da cidade. Um espaço pobre foi nobilitado. Ele nada tem a ver com Maceió, como nada tem a ver o próprio Palácio. O poder os transformou em marcos que são testemunhos de uma burguesia desejando legitimar a sua cara imaginária no meio de um casario baixo, miúdo. Este é um espaço que passa a ter significado urbano ao derredor dos anos 50 do século XIX.

Eu acho lindo o Teatro em preto e branco. 




Acho que é inexorável: toda frente tem um fundo. É como se o predio tenha sido feito para se olhar para a frente. Este prédio nasceu na Levada, uma das mais pobres áreas de Maceió.


A antiga Escola Normal

É também para ser vista fatiada; pelo que pinta na minha cabeça, eu dou mais para ser açougueiro do que para ser arquiteto. Hoje funciona a Academia Alagoana de Letras. Para falar a verdade, prefiro a Escola em preto e branco.

















A Gut-Gut que foi famosa em Maceió

Este é o prédio da famosa Portuguesa. Eu cheguei a tomar cerveja aí. Era um Clube de menor porte aristocrático. O maior era a Fênix. Hoje funciona um bingo. Eu fiquei com a ideia, possivelmente errada de que o Café AFA ficava onde está escrito Maceió. Deve ser falso registro. 




Aqui era a Gut Gut o point. O pessoal vinha de carro tomar sorvete aqui, ficando um verdadeiro corso.





Um lugar para sentar












Um pouco da Praça

Este lado esquerdo da Praça é a Travessa Dias Cabral. Ela cruza a Barão de Maceió, passa na lateral do Teatro de Arena que foi uma obra de Bráulio Leite Júnior. A evidência da Praça era a rua à direita,  desde o início concebida como uma passagem.
















Sobrevivendo na cidade



































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