segunda-feira, 9 de abril de 2012

[HISTÓRIA DOFUTEBOL] ALMEIDA, Luiz Sávioi de. Um abraço no Bastinho









ALMEIDA, Luiz Sávio de. Um abraço no Bastinho. Tribuna Independente. Maceió, 08 abr. 2012. Contexto.


Um pequeno bilhete sobre Bastinho
Morreu Bastinho, um homem que marcou a história do futebol alagoano, como dirigente da Federação Alagoana de Desportos, depois de Futebol.  Contexto dá um abraço na família, em sua esposa, em sua filha de quem me lembro ainda pequena.
Sávio de Almeida


Um abraço no Bastinho

Luiz Sávio de Almeida

                Uma vez e faz certo tempo, estávamos conversando no Trapichão sobre a história do futebol em Alagoas. Lembro que a conversa resvalou para cartolas. A roda era Roberto Mendes, Toroca e mais uma pessoa de quem não me recordo. Parece que houve um acordo: o grande cartola de Alagoas foi o Bastinho. Vamos e venhamos: foram anos à frente da Federação, cerca de dez anos e profundamente integrado ao circuito nordestino de apoio a Havelange; inclusive havia uma grande ligação com Pernambuco, que, parece, cumpria a função de coordenação política dos interesses de Havelange no Nordeste.
                Quem lidou pessoalmente com Bastinho, sabe da sua habilidade afável, do modo como procedia na coordenação política do futebol, sempre abrindo espaços para conversações, para entendimento.  Na verdade, era um hábil negociador que traçou uma rede de alianças locais e, ao mesmo tempo, jogou com a moeda das suas ligações com Havelange, de quem era declarado eleitor e a quem sempre foi fiel.  Então, Bastinho demarcava sua posição pela sua vinculação nacional e seu comportamento mediador no desenvolvimento da política local do futebol. Ao lado dessas habilidades, Bastinho sempre foi pessoalmente honesto. Não conheço, durante anos de convivência, qualquer insinuação do nome do Bastinho ligado à corrupção. Jamais. Honesto sim!
                Futebol, em sua história, é muito forçado sobre a prática esportiva em si, pesando elementos como clubes, craques, as torcidas e ficando de lado um dos seus aspectos mais importantes: o desenvolvimento de sua política, a forma como se lida e consolida o poder no seio de suas hostes. De muito, a Federação Alagoana de Desportos merece um estudo acadêmico, uma espécie de verificação da caminhada da Coligação Esportiva para Federação Alagoana de Futebol. A Coligação já estava a demonstrar a complexidade da vida esportiva no Estado e a necessária insinuação de interesses.  A mudança para a Federação Alagoana de Desportos é de 1934, em plena consolidação de Vargas e não deve ter sido por coincidência que em 1932, Edgar de Góes Monteiro estivesse na Presidência da Coligação.
São poucos, contudo, os nomes de alta expressão política na vida local a estarem na presidência da entidade, pelo que podemos identificar. Bastinho sempre ocupou posições dentro do Estado, mas isto derivou bem mais de sua habilidade pessoal do que em razão de sua presidência que teve três períodos. O primeiro vai de 1961 até 1968, quando perde por negociação política urdida por Remy Maia que, por seu turno, vai ser sucedido por Orlando Gomes de Barros, Cleto Marques Luz e enfraquece com Heider Silveira, o que permite a Bastinho rearticular-se e cumprir o mandato de 1985 até 1988; volta em 1991 e vai até 1999 quando deixa para José Tavares, indo ocupar posição na CBF, sendo um Vice-Presidente da entidade.
Há um caminho do poder no futebol que vai do clube à Federação.  Como se dá o fortalecimento político para controle do clube; o que possibilita e como possibilita alguém tornar-se Presidente?  E como se negocia uma Presidência da Federação, praticamente colegiada? Como a Federação é vista pela massa de torcedores?  O time presidencia quando um dos seus de relevos é Presidente? Como se nota, há muito sobre o que escrever, na medida em que se deseje desvendar a caixa da política do futebol e da política no futebol, um universo sem dúvida complexo.
Bastinho é parte integrante desta história, estando na evidência ou nos bastidores, perdendo ou vencendo. Pelo que tudo indica, ao perder sempre preparava seu retorno e conseguia. Sabia, portanto, mais do que ninguém, manobrar as artes da política futebolística. E jamais se poderá pensar no encaminhamento do futebol alagoano sem passar por ele.  Estamos diante, portanto, de uma figura a ser tomada como exemplar. 
A minha grande aventura com o Bastinho faz muito tempo que aconteceu.  Saímos daqui para almoçar com o Pelé no Recife.  Eu não me lembro o que estava acontecendo no Recife e o almoço seria no Hotel São Domingos. Parece que eu estava com o Zé Lima. O restaurante estava cheio, mas o Pelé não foi; no entanto,  valeu a aventura
Vai lá Bastinho!




               




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