domingo, 11 de dezembro de 2011

[HISTÓRIA E FUTEBOL] PERDIGÃO, Lautheney. Cláudio Pacheco: um depoimento para a história




Esta matéria foi publicada no tablóide Contexto, jornal Tribuna Independente, Maceió, 11/12/2011


Um pequeno bilhete sobre futebol


Passado o mês de novembro, Lau e seu Museu voltam às páginas deste suplemento,  que  tem a finalidade de construir um  painel de visões sobre a sociedade alagoana.  Contexto precisa e muito do  Lau,  jornalista a quem admira de longa data  – bote tempo nisso, né Setton? –,  mesmo ele sendo  azulino de corpo e alma. Felizmente,  neste número, ele lembrou que CRB existe,  e assim Contexto se encontra em seu estado puro, devidamente dezazulizado.   

Ainda hoje, eu não sei, objetivamente, a razão de justificar-me como  CRB. Acho que tudo decorreu de uma graça conduzida pelo destino, tão angélica e sagrada quanto é ser tocado pela chama mágica  do rubro-negro, aquilo que identifica o meu amado e decantado  Clube de Regatas Flamengo, a aurora mundial do futebol, o por do sol da glória a renovar-se  pudica e simples, a noite inspirada do esporte, o dia da justiça final dos adversários vítimas dos mais fortes e inteligentes  pelotaços.

Amigo Lautheney, é pena, contudo, que a beleza das rivalidades tenha se tornado em coisa  feia,  pela violência do que ainda é, talvez erroneamente, chamado de torcida. Meu bom Lautheney, quando isso vai parar?   Amigo, pode escrever sobre o CSA novamente, quantas vezes desejar; aqui é livre, como deve ser livre a amizade.  Vamos nos encontrar e misturar as cores das bandeiras numa comemoração pela paz, cerimônia que bem poderia ser puxada pela Federação Alagoana de Futebol e, quem sabe, o exemplo partir de uma solenidade pública comandada pelas diretorias de nossos clubes. Seria um belo exemplo para nosso futebol.

Um abraço amigo para todos os legítimos torcedores azulinos. Eu prefiro um torcedor azulino decente, a um baderneiro que se possa dizer  CRB. Será que a Federação Alagoana promoveria o Dia da Paz?  Não importa se já fez algo neste sentido; o fundamental é água mole bata tanto em pedra dura até que fure.

Contexto pede humildemente, que a Federação Alagoana de Futebol pense no assunto.  Nossa! Seria uma belíssima cerimônia pela paz, contra qualquer indicação de violência. Lautheney, você que conhece mais de perto os homens, fala com eles.

Sávio de Almeida


Uma homenagem ao CRB


Professor Jaymeihgal.al.org.br
Contexto deseja homenagear a grande torcida regatiana.  E volta ao passado, buscando uma música composta por Tavares de Figueiredo, com letra do saudoso Professor Jayme d’Altavilla. É um  tango carnavalesco intitulado  Os Batutas do Cerrêbê.  Faz muito tempo que a música surgiu  e a sinalizo por volta dos anos vinte do século passado. Ninguém esqueça o que escreveu o Professor Jayme: o turuna é o cerrêbê! Fui procurar no pai dos burros, o que significa turuna:  valente, destemido, segundo o Houaiss.


 Não discuta, seu gabola, 
Que o turuna é o cerrêbê.
Depois do jogo da bola,
Meu nêgo, cadê você?  
                      
Melindrosa torcedora,
Tu me amarras,  perdição.
Fizestes um goal, vencedora,
Shootando em meu coração

Estribilho
Ai! Que bom” Ai!
O cateretê!
Ai! Que bom” Ai!
Dançar com você


 Me deixa seu pé de anjo,
Que no treno eu tiro a linha.
Eu com você não me arranjo,
Seu cara de almofadinha.

Futebol é coisa boa.
É mais doce que bangüê.
As moças das Alagoas
Torcem pelo cerrêbê.





Cláudio Pacheco: um depoimento para a 

história

Lautheney Perdigão




Lauttheney Perdigão
A Enciclopédia do Futebol Alagoano
http://cadaminuto.com.br



A estrada da vida


           Cláudio Moreira Pacheco é filho de Lafaiete Pacheco, o principal fundador do Clube de Regatas Brasil.  Nasceu em Maceió, no dia 19 de setembro de 1931. E como não poderia deixar de ser, Claudinho começou jogando no clube da Pajuçara. Com a camisa do CRB, ele começou a mostrar suas qualidades de um futuro craque. Não demorou muito e logo chegou ao time titular se consagrando bi campeão alagoano nos anos de 1950/1951. Era um jogador inteligente dentro e fora do campo. Seus movimentos eram rápidos e objetivos. Com o passar dos anos, seu futebol foi amadurecendo, ganhando mais cadência, habilidade e técnica refinada.

Em 1952, foi contratado pelo Esporte Clube Bahia e formou o chamado “esquadrão de aço” dos tricolores da Boa Terra. Foi campeão, destaque do time e convocado para a Seleção Baiana. Ainda defendeu o Sport Recife, Ferroviário do Ceará, Botafogo da Paraíba e encerrou sua carreira no Capelense em 1962, onde ajudou o clube do Dr. Horácio Gomes a ser Campeão Alagoano naquele ano. Quando ainda estava atuando pelo CRB, Claudinho jogou voleibol pelo Flamengo de Maceió.

           Depois de viver fortes emoções no esporte, deixou os gramados e continuou o mesmo moço simples e amigos de seus amigos. Hoje, aos 80 anos, vive na lembrança de todos aqueles que o viram jogar um futebol cadenciado e no melhor estilo. Seu depoimento está bem vivo nos arquivos do Museu dos Esportes.


Cláudio Pacheco
Museu dos Esportes

Os filhos de Lafayete Pacheco

          Três filhos de Lafaiete Pacheco jogaram futebol. Nos anos trinta, o zagueiro Bacurau participou do tetra campeonato conquistado pelo CRB. Nos anos cinqüenta, foi a vez de Claudinho que também foi campeão pelo clube da Pajuçara. Vetinho também foi campeão, mas pelo Ferroviário em 1954. Claudinho tinha orgulho do seu pai. Afinal, Lafaiete Pacheco foi o grande incentivador para a fundação do CRB, clube que ele defendeu com um amor acima do normal. O interessante é que mesmo quando Claudinho defendia o clube da Pajuçara, ninguém sabia desse detalhe. Somente depois um depoimento de Lafaiete ao Arquivos Implacáveis do Jornal Gazeta de Alagoas é que a história começou a ter um melhor colorido nas páginas dos nossos jornais e a torcida ficou sabendo a verda deira história do Clube de Regatas Brasil.

           Claudinho começou jogando nas peladas de ruas. Muitas vezes deixava de ir à aula para jogar futebol. Na Praça da Cadeia, havia jogos memoráveis entre o Águia Negra do Colégio Diocesano e o Monte Castelo que era o time local. Como morava no Poço, Claudinho jogava pelo Treze de Maio. Em 1948, já estava disputando o campeonato alagoano pelo juvenil do CRB. No ano seguinte, integrava o time principal dos alvirrubros. O bi campeonato foi conquistado por um time maravilhoso. Claudinho lembra com saudade: Bandeira. Cacau. Miguel Rosas. Walfrido Vieira. Cacará. Divaldo. Macedo. Laxinha. Dario. Carlos Santa Rita e ele mesmo, Claudinho. Os treinamentos eram realizados às seis horas da manhã, porque a grande maioria dos atletas trabalhava. A diretoria comparecia e Zequito Porto era o técnico que, ao logo dos anos, transformou-se no maior nome da história do clube. O Zé de Barros tomava conta do Estádio e era muito querido por todos os atletas. Depois do treino, lá estava Zé de Barros com o seu munguzá e pão com manteiga para os jogadores. Esses jogadores tinham amor pelo clube e a amizade dos dirigentes.


Seleção Alagoana de 1952
Museu dos Esportes

A devoção ao esporte

           Claudinho jogava de graça e ainda era sócio do clube. Isso lhe garantia certo privilégio, dando condições de entrar nas festas do CRB que eram realizadas nos salões do Clube Fênix Alagoano. Além da alegria em defender o clube do coração, ele tinha o reconhecimento de ser convocado para a Seleção Alagoana várias vezes. Ele viveu uma época em que os torcedores presenteavam seus ídolos com chapéus, guarda-chuvas, sapatos, camisas etc. Um tempo que, mesmo no dia de clássico, Claudinho e Dida, no domingo pela manhã, iam bater bola no campo da Faculdade até onze horas. Depois iam a pé até a praia do Sobral, tomavam banho e iam para casa. À tarde, no Mutange ou na Pajuçara, lá estavam Dida com a camisa do CSA e Claudinho com a do CRB. Também acontec ia que jogadores participavam da preliminar atuando pelo aspirante e, quando faltava um  titular, o atleta era escalado do time principal.

           Foi defendendo a Seleção Alagoana em 1952, que Jorge Gazar o enviou para o Esporte Clube Bahia. Claudinho foi, fez teste e ficou. O CRB recebeu apenas uma taxa de transferência, já que o atleta era amador. O primeiro contrato com o Bahia valeu para Claudinho doze contos de réis de luvas e um conto e quinhentos por mês mais o pagamento da pensão onde o atleta passou a residir em Salvador. Os dirigentes prometeram muita coisa e cumpriram tudo. Sua passagem pelo Bahia foi uma das coisas boas de sua vida. Fez amizades, ganhou títulos, foi ídolo e participou de um dos maiores times da história do clube que tinha uma excelente diretoria e uma fanática torcida.

A fase do supercampeonato baiano foi uma loucura. Claudinho levou o amigo Bandeira para o Bahia. O goleiro se transformou em uma barreira no gol do clube tricolor. Na decisão com o Vitória, foi o melhor jogador em campo e garantiu o título defendendo até pênalti. Claudinho e Bandeira foram convocados para a Seleção Baiana.  Eles eram como irmãos. Quando Bandeira foi entrar por um portão que não devia, um diretor não teve bons modos e puxou o goleiro de maneira grosseira. Houve uma discussão e Claudinho comprou a briga. Depois o Bahia não quis renovar o contrato com Bandeira e o companheiro resolveu reincidir o seu e retornar a Maceió.

            Voltando a Alagoas, Claudinho foi passar alguns dias em Recife na casa de uma tia. Dida queria levá-lo para o Flamengo. Estava tudo certo. Dida telegrafou para o amigo viajar e treinar na Gávea. Lafaiete Pacheco, ao invés de mandar o telegrama para a casa de sua irmã, enviou para o Sport Recife onde Claudinho estava, treinava e tentava acertar um contrato. Um diretor do Sport ficou com o telegrama. Somente depois de assinar com o clube pernambucano é que o craque alagoano soube da existência do telegrama de Dida. Ele nunca perdoou o diretor Galvão. O contrato com o Sport valeu para Claudinho trinta contos de luvas e quatro mil por mês e mais o pagamento do hotel onde passou a mora com outros alagoanos: Hélio Miranda, Carijó e Itamar Dengoso. Ele ficou três anos em Recife. Depois, foi para o Ferroviário do Ceará e para o Campinense.

Jogo contra o Velez em 1951
Museu dos Esportes

Um retorno a Maceió

           Já casado, resolveu retornar a sua terra. Estava com trinta e um anos de idade, tinha uma propriedade na cidade de Capela para tomar contar e ficar perto da sua família. Nessas alturas, o Capelense entrou na sua vida. Assinou contrato com Dr. Horário e ficou como técnico e jogador. A diretoria não interferia no seu departamento de futebol. Os jogadores eram amigos e ajudavam ao técnico. Logo depois da sua contratação, Dr. Horário chamou Claudinho e lhe entregou um pacote cheio de dinheiro para ele ir a Recife comprar todo material novo para o clube. O Presidente guardava o dinheiro em casa e deu liberdade para o treinador contratar os melhores jogadores do interior. Apenas Aguiar que tinha jogado no CRB  e Zé de Gemi que defendeu a seleção sergipana não eram do interior. A grande maioria era das Usinas de Alagoas e Pernambuco.

       A estreia de Claudinho no Capelense foi contra o CRB e uma decepção: CRB 6x1. Uma goleada. Ninguém reclamou de ninguém. Os treinos continuavam, o time foi se arrumando e, no final do campeonato, o Capelense foi campeão de 1962 vencendo a decisão contra os Estivadores. O trabalho foi tão bom que Claudinho foi convidado para ser o técnico da Seleção Alagoana que disputaria o Campeonato Brasileiro daquele mesmo ano. A Seleção era a base do Capelense. Conseguimos passar por Sergipe e, depois de empatar em Maceió, perdemos para os cearenses em Fortaleza. Para esse jogo, houve muitos problemas. A viagem para o Ceará atrasou. Em Recife, o avião somente saiu para Fortaleza no mesmo dia do jogo. A delegação alagoana chegou a tarde para jogar a noite. Os dirigentes da Federação Alagoana não tentaram adiar o jogo e nos sos atletas estavam sem condições ideais para enfrentar a Seleção Cearense.

           Claudinho foi convocado para a Seleção pela primeira vez em 1952, quando os alagoanos disputaram um Campeonato Brasileiro amador. Depois, ele foi convocado para a Seleção principal. Contra os sergipanos, aconteceu um jogo memorável. O jogo dos 163 minutos. Alagoas havia perdido em Aracaju. Precisava vencer no Mutange o jogo e a prorrogação. Claudinho lembra com certa emoção. Alagoas venceu o jogo por 2x1. Veio a primeira prorrogação e 0x0. Veio a segunda e novamente 0x0. Somente aos treze minutos da terceira prorrogação é que Laxinha assinalou o gol que garantiu vitória de Alagoas. Os jogadores estavam cansados, mesmo assim, festejaram no gramado uma das maiores vitórias do Futebol Alagoano. Um triunfo da garra e da vontade de vencer. E nada teria sid o possível se não fosse a ajuda da torcida. Depois perdemos para Pernambuco.


Esporte Clube Bahia 1952
Museu dos Esportes

As fortes emoções

           Todos nós sentimos fortes emoções ao longo de nossas vidas. No bi campeonato alagoano de 1951, o CRB conquistou o título vencendo o CSA na decisão. O futebol começava a lhe oferecer as primeiras emoções. Nesse mesmo ano, o CSA enfrentou o Vélez Sasfield da Argentina no Mutange e convidou alguns jogadores do CRB e, entre eles, estava Claudinho, que vestiu a camisa do clube azulino pela primeira vez. O jogo foi na véspera do Natal e o empate de 1x1 lhe rendeu uma gratificação de cinco mil réis. Claudinho lembra o jogo da Seleção Baiana contra o Botafogo do Rio.

          Foi uma das suas grandes atuações. Jogando de ponta direita, deu um show no grande Nilton Santos e ainda fez o gol da vitória baiana. Entre suas decepções, que foram poucas, ele cita quando t entou ser treinador do seu querido CRB. Em 1966, deixou Capela e voltou para Maceió. Tinha feito um grande trabalho no Capelense e poderia repetir no clube da Pajuçara. Logo que começou, sentiu que as coisas não eram como no seu tempo de jogador. Havia muitas dificuldades. O clube foi campeão em 1964 e aquela equipe estava se desfazendo.

        Os jogadores que ficaram, não tinham muito interesse em jogar. Certa vez, Aguiar, Paulo Nylon e Canhoto procuraram Claudinho e disseram que não podiam jogar. Cada um tinha um problema: dor de cabeça, contusão no pé e desenteria. Foram substituídos por Ademir, Beba e Silva que logo se tornaram titulares e grandes figuras do nosso futebol. O clube não tinha dinheiro para contratar e seu trabalho tinha de ser com os juvenis. Os dirigentes queriam aparecer, reclamavam contra os juvenis e não lhes davam apoio. Quando o time está mal, eles desaparecem. Então, Cláudio resolveu parar com o futebol e cuidar da sua vida fora dos gramados.

           Para Claudinho, o maior jogador que viu atuar foi o zagueiro Miguel Rosas. Era um espetáculo. Não dava pancada. Era inteligente e tirava a bola do adversário sem ele sentir. Claudinho se sentiu privilegiado em jogar ao seu lado. O melhor time foi o Esporte Clube Bahia de 1952. Um time que jogava por música. Cada um sabia o que fazer dentro de campo. O treinador era Gentil Cardoso que tinha tudo ensaiado. Ele sabia de tudo e dizia aos jogadores que não era da Seleção Brasileira porque era preto e não tinha olhos azuis. Jogando em Maceió, Claudinho nunca se concentrou.  Já no Bahia e no Sport, havia concentração. Com Gentil Cardoso, o pessoal somente ia para casa na segunda-feira. Concentração longa não é uma boa.


Dida, Cao, Larinha, Claudinho, Milton
Museu dos Esportes


Passos de vida

         A partir da sexta-feira a noite até q ue é bom. Ele acredita que o treinador tem muita influência no rendimento de uma equipe. Gentil Cardoso era realmente maravilhoso. Muitos jogos eram ganhos no intervalo quando ele conversava com seus atletas, consertando os erros e mostrando sua visão e como aproveitar as falhas do adversário. Com relação à arbitragem, ele destaca Waldomiro Breda, Cláudio Regis e Agustim Farrapeira. Em dezesseis anos de carreira como jogador de futebol foi expulso apenas duas vezes.

           No seu tempo de jogador no CRB, os dirigentes tinham os atletas como filhos. Chegavam a ir a suas casas para visitar seus familiares. Havia bastante afinidade entre dirigente e jogador. Hoje está tudo diferente. Tudo é profissional. Futebol virou comércio. Quando o time ganha, querem aparecer no rádio e na televisão. Quando o time perde, eles têm sempre um culpado: o técnico. No submundo do futebol, escondem-se muitos interesses e nisso, tudo pode acontecer. Sobre a rivalidade entre CSA e CRB, sempre existiu, mas somente dentro do campo. Fora dos gramados, todos eram amigos.

          Muitos estudavam no mesmo Colégio. Quando o CSA ganhava, Claudinho não aparecia na Praça Deodoro, porque a turma era azulina e caia em cima dele. Quando o CRB ganhava, a gozação era d ele e do Bandeira em cima da turma do CSA. Era uma época de diversos craques e pouco dinheiro. Diferente dos dias de hoje, muito dinheiro e poucos craques. Os jogos eram realizados no Mutange e na Pajuçara. No campo do CSA quando chovia, o gramado virava lama. Quando fazia sol, a grama ficava dura. No campo do CRB, nos intervalos dos jogos, os jogadores tinham que tirar as chuteiras e jogar a areia fora. Apesar disso, era gostoso jogar naquele tempo. Na imprensa, havia Luiz Alves, Aldo Ivo, Osvaldo Braga e outros que sabiam criticar. Faziam críticas construtivas. Existia uma crônica completa de todo o jogo. Hoje mudou. Existe mais espaço no jornal, no rádio e na televisão. Infelizmente, esses espaços são ocupados mais com o noticiário do futebol do Rio e de São Paulo.

           E Claudinho contou um detalhe de sua vida esportiva que poucos sabem. Ele participou ativamente do esporte amador, atuando pelo Flamengo de Maceió como jogador de vôlei e basquete. Com ele, jogavam outros craques do futebol: Carijó, goleiro do CSA; Dudu, goleiro do CSA; Arroxelas, do CRB; Geraldo, do América; Vetinho, do Ferroviário. As partidas eram disputadas na quadra de cimento da Polícia Militar. Para ele, o negócio era jogar. No gramado, na quadra, na praia ou em qualquer lugar. Tendo uma bola e um pedaço de chão, já era suficiente. Voltando ao futebol de campo, Claudinho sente saudade de jogadores com Bandeira, Miguel Rosas, Cacau, Divaldo, Castelar, Nezinho, Cão, Dida, Laxinha, Dario, Santa Rita e Miltom Mongôlo. Nunca ouviu falar em suborno no se u tempo de jogador. Talvez, porque a divulgação não tinha a mesma dimensão dos dias atuais.

           Claudinho afirma que valeu a pena ser jogador de futebol. Se pudesse, começava tudo de novo. Foram dezesseis anos de muitas emoções e poucas decepções. Fez diversas amizades douradoras e soube ser um profissional responsável. Ganhou algum dinheiro, gastou outro tanto, contudo ficou com alguma coisa. Aposentou-se como funcionário do Estado e, apesar de seus oitenta anos de idade, vive a vida que Deus reservou para ele.


Claudinho, Hélio Miranda, Dengoso, Carijó
Museu dos Esportes







Um comentário:

  1. Há um Itamar no América de Natal em 1958, vindo do Sport, e um Itamar Lourenço Nascimento na selecao cearense contra o RN em 1959. Será o mesmo Dengoso?

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