sábado, 29 de junho de 2013

LINS, Thalita. Casas e gentes




Uma pequena informação


        



Ministro uma disciplina intitulada Formação do espaço alagoano,  no mestrado Dinâmicas do espaço habitado, Faculdade de Urbanismo e Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas. Vez em quando, peço para trazerem fotos e com elas abro discussão com a turma. É interessante verificar os aspectos da vida que são fotografados e como o aparente fragmento traz em si as indicações de um todo, como se fosse, naquele momento da discussão,  a mínima representação de todo um conjunto de fatos, conjuntura e estrutura. Desta feita, decidimos partilhar fotos e comentários realizados pelos autores como motivação para o debate. Nesta postagem, encontra-se o material produzido por Thalita Lins.




Foto da residência de Dona [...]  na cidade de Palmeira dos Índios. Como sempre foi devota do Padre Cícero, Dona Espedita construiu um altar em sua homenagem ao lado da residência, e como o santo era grande protetor da natureza e dos animais, colocou várias esculturas de animais decorando o altar, posteriormente as esculturas foram crescendo em número e se espalharam por todo o espaço do quintal. Além deste altar mostrado na foto, existe também um altar dedicado a Nossa Senhora na varanda lateral da casa. Ela conta que todos os anos organiza uma festa no dia primeiro de novembro (dia de todos os santos) que atrai pessoas de vários povoados, bairros e sítios vizinhos. Aí podemos observar que não só a residência, mas o espaço como um todo adquire uma simbologia muito forte, sendo ao mesmo tempo lugar de culto e onde as relações com os vizinhos e com as pessoas que frequentam a festa todos os anos acontecem. Os animais feitos de cimento não estão lá apenas como decoração, todos foram colocados em homenagem ao “Padrinho Padre Cícero”. Os ornamentos são acumulados a partir de um significado afetivo e religioso e o tratamento da residência como um todo desmonstra a íntima relação de identificação da moradora com o espaço por ela concebido. Abaixo, alguns detalhes da residência.ar legenda

Apresentação de um grupo de guerreiro na cidade Arapiraca. A intensão dessa foto foi mostrar a tradição popular, como as práticas, danças e brincadeiras são passadas para as crianças de modo espontâneo e, em muitos casos,  é isso que ainda garante continuidade dessas práticas, já que a maioria desses grupos não são contemplados pelas políticas públicas de patrimônio. 

Esta casa é localizada na cidade de Quebrangulo-AL e, na foto,  procurei mostrar a beleza e singeleza da arquitetura popular. Por que só a chamada “arquitetura erudita” pode ser considerada bela? A arquitetura popular revela muito mais que formas e cores, estando profundamente ligada ao cotidiano e à vida das pessoas. Nessa foto percebemos como o morar numa casa significa habitar dois espaços ao mesmo tempo: o físico, onde nossas atividades domésticas do cotidiano são realizadas e o espaço simbólico-afetivo, com o qual nos identificamos e nos identifica.




   A foto mostra uma rua da cidade de Quebrangulo, um longo agrupamento de casas de porta e janela,  escoradas umas às outras,  formando verdadeiro corredor de casas; essa tipologia marca a paisagem de várias cidades do interior alagoano,  influenciando diretamente na percepção e nas sensações que as pessoas têm do espaço urbano que vivenciam.

Uma rua da cidade de Palmeira dos Índios. Na foto,  procurei mostrar um pouco do cotidiano das cidades do interior. O costume de sentar à porta de casa que nas cidades grandes foi se perdendo e sendo substituído pela busca por segurança e privacidade.



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