Uma pequena informação
Ministro uma disciplina intitulada Formação do espaço alagoano, no mestrado Dinâmicas do espaço habitado, Faculdade de Urbanismo e Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas. Vez em quando, peço para trazerem fotos e com elas abro discussão com a turma. É interessante verificar os aspectos da vida que são fotografados e como o aparente fragmento traz em si as indicações de um todo, como se fosse, naquele momento da discussão, a mínima representação de todo um conjunto de fatos, conjuntura e estrutura. Desta feita, decidimos partilhar fotos e comentários realizados pelos autores como motivação para o debate. Nesta postagem, encontra-se o material produzido por Thalita Lins.
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Foto da residência de Dona [...] na cidade de Palmeira dos Índios. Como sempre
foi devota do Padre
Cícero, Dona Espedita construiu um altar em sua homenagem ao lado da
residência, e como o santo era grande protetor da natureza e dos animais, colocou
várias esculturas de animais decorando o altar, posteriormente as esculturas
foram crescendo em número e se espalharam por todo o espaço do quintal. Além deste
altar mostrado na foto, existe também um altar dedicado a Nossa Senhora na
varanda lateral da casa. Ela conta que todos os anos organiza uma festa no dia
primeiro de novembro (dia de todos os santos) que atrai pessoas de vários
povoados, bairros e sítios vizinhos. Aí podemos observar que não só a
residência, mas o espaço como um todo adquire uma simbologia muito forte, sendo
ao mesmo tempo lugar de culto e onde as relações com os vizinhos e com as
pessoas que frequentam a festa todos os anos acontecem. Os animais feitos de
cimento não estão lá apenas como decoração, todos foram colocados em homenagem
ao “Padrinho Padre Cícero”. Os ornamentos são acumulados a partir de um
significado afetivo e religioso e o tratamento da residência como um todo
desmonstra a íntima relação de identificação da moradora com
o espaço por ela concebido. Abaixo, alguns detalhes da residência.ar legenda |

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Apresentação de
um grupo de guerreiro na cidade Arapiraca. A intensão dessa foto foi mostrar a
tradição popular, como as práticas, danças e brincadeiras são passadas para as
crianças de modo espontâneo e, em muitos casos, é isso que ainda garante continuidade dessas
práticas, já que a maioria desses grupos não são contemplados pelas políticas
públicas de patrimônio.
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Esta casa é localizada na cidade de
Quebrangulo-AL e, na foto, procurei
mostrar a beleza e singeleza da arquitetura popular. Por que só a chamada
“arquitetura erudita” pode ser considerada bela? A arquitetura popular revela
muito mais que formas e cores, estando profundamente ligada ao cotidiano e à
vida das pessoas. Nessa foto percebemos como o morar numa casa significa
habitar dois espaços ao mesmo tempo: o físico, onde nossas atividades
domésticas do cotidiano são realizadas e o espaço simbólico-afetivo, com o qual
nos identificamos e nos identifica. |
A foto mostra uma rua da
cidade de Quebrangulo, um longo agrupamento de casas de porta e janela, escoradas umas às outras, formando verdadeiro corredor de casas; essa
tipologia marca
a paisagem de várias cidades do interior alagoano, influenciando
diretamente na percepção e nas sensações que as
pessoas têm do espaço urbano que vivenciam.
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Uma rua da cidade de Palmeira dos Índios. Na
foto, procurei mostrar um pouco do
cotidiano das cidades do interior. O costume de sentar à porta de casa que nas
cidades grandes foi se perdendo e sendo substituído pela busca por segurança e
privacidade.
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