quinta-feira, 8 de março de 2012

[Clliping: Bullying] Material publicado pela imprensa de Maceió, outubro 2011, sobre Bullying



AMARAL, Flávia. Menina deixou escola após ‘pressão’. Diretora da Theonilo Gama admite que não havia controle sobre tratamento que a aluna recebia por ter cabelo crespo. Tribuna Independente. Maceió, 16 out. 2011, p. 13.

Basta visitar uma escola para que numa conversa rápida com alunos fique evidente a importância de a temática do racismo ser encarada como prioridade e entrar na pauta de discussão de gestores da Educação.
A sala do oitavo ano da Escola Theonilo Gama, no Jacintinho, não difere das demais, como afirmou Valéria Silva, que acompanhou o drama de uma colega negra e de cabelo crespo, que deixou a escola. "O cabelo dela é bem ruim, por isso ela sempre tem que ouvir o pessoal chamar de Foguinho. Todos da sala mexem com ela e ela já chegou a chorar muitas vezes", lamentou a estudante.
Fomos até a escola para conversarmos com a vítima, mas era tarde. Segundo a diretora Gilvanete Matias da Silva, a jovem saiu do colégio por não suportar a pressão dos colegas pelo fato de ela ter o cabelo crespo. "Ela vinha à direção, a gente conversava com os colegas, mas depois acontecia de novo. Ela chegou até a colocar um aplique no cabelo, mas em vào", contou.
O drama foi acompanhado por diversos alunos. João Cavalcante, 13, lembra o quanto era difícil para a estudante se manter em sala de aula. "Vi várias vezes a bichinha chorar. Ela brigava às vezes e ia na diretoria, mas paravam de mexer com ela naquele dia. Depois voltava tudo de novo".

Desconhecimento

            A Lei do Racismo nas escolas ainda é ilustre desconhecida de boa parte dos estudantes de escolas públicas ou particulares.  Mas quando colocados em contato com a essência da lei, a  matéria divide opiniões. Em uma conversa com quatro estudantes  negros, permearam visões bem diferenciadas, mas entre elas um consenso: o racismo precisa ser combatido.
Para Luigi Nelson de Oliveira, 15, uma disciplina não resolveria um problema tão sério. "Somos todos iguais e não deveria ter matéria pra gente saber disso e respeitar o outro. Se não acontece isso hoje, não vai ser uma  matéria que vai mudar", analisou.  Aílton José, também com 15 anos, é mais otimista. "Resolve, sim, estudar, estudar, até aprender o que é certo e o que é errado". Mais ponderado. João Cavalcante - que assistiu ás humilhações contra a colega de turma que acabou indo embora da escola  -  admite que a matéria pode não resolver, mas ajuda a melhorar.

AMARAL, Flávia. Racismo agrava evasão nas esolas. Alunos faltam às aulas ou até deixam a escola após sequência de humihações cometidas pelos colegas de sala. Tribuna Independente. Maceió, 16 out. 2011, p. 11.

Foguinho, Carvão, Chocolate. Negueba. Esses apelidos são rotina na vida escolar de muitos alunos que pagam caro por  terem a pele de cor negra. E é para erradicar das salas de aula esse tipo de preconceito que foi sancionada a Lei Federal 10.639 de 2003 que entre outras determinações obriga as unidades de ensino a inserirem na  grade curricular uma disciplina especifica sobre as  relações  étnico-raciais.

            Mas, em termos de adesão, o  país   ainda engatinha: a lei está em apenas 20% da rede de ensino. E em   Alagoas   apenas uma faculdade particular, a Faculdade Integrada Tiradentos (FITs). adutou a lei em suas práticas pedagógicas.
E enquanto essas e outras medidas não se tornam realidade, o preconceito racial segue fazendo cada vez mais vítima e acirrando a problemática da já preocupante evasão escolar. Num efeito dominó, até mesmo recursos do Bolsa Família estão sendo comprometidos.
Acuados pelo preconceito, alunos como Jorge (nome fictício), da Escola Rosalvo Lôbo, na Jatiúca, sequer têm postura altiva em sala de aula. Sentado logo à frente da professora, em uma das primeiras carteiras, ele pouco fala e de cabeça baixa diz não se importar com as frequentes humilhações a que é submetido por colegas de turma, num exercício quase  que rotineiro.
            Foi a colega de turma quem detalhou o contexto de agressão vivenciado pelo estudante. Muitas vezes, ela mesma tem quo intervir, já que ele não  costuma esboçar qualquer reação. "Ficam chamando ele de Chocolate, Negueba. Eu não gosto disso e mando parar porque ele fica quieto, aguenta calado. Um absurdo!", diz  a colega com ar de revolta.
Ela conta que as agressões não são apenas verbais. Há quem chegue na sala de aula e mande Jorge desocupar a cadeira para que um outro aluno sente "Ele dizem: sai Negueba, sai. E ele sai", lembra. Cabisbaixo, Jorge  ouve todoo desabafo da amiga e se restringe a dizer que simplesmente não liga.

ORÇAMENTO MENOR

Mãe perdeu Bolsa Família após 37 faltas do filho.

Foi fora da sala de aula, na casa de Jorge (nome fictício), que a reportagem constatou que ele não só  se abala com a atitude dos colegas, como estáse afastando da escola. Aluno média 8,  há algum tempo ele vem faltando  às aulas, e as ausências — até então injustificadas para a família - impactaram também no estreito orçamento doméstico.
O estudante vive em uma pequeníssima casa de dois cômodos,  na Grota do Cigano, no Jacintinho, com  a mãe – a  diarista Liliane Cardoso dos Santos, a avó - de mesma profissão,  Maria de Fátima Cardoso, e ainda o irmão Antônio. Sem um pai presente, os custos da casa são bancados por faxinas esporádicas e com o recurso do Bolsa Família, no valor de R$ 134.
Não bastasse o dinheiro contado, a família agora está com o benefício suspenso devido às 37 faltas acumuladas por Jorge nos últimos meses. "É quando eu não estou mais aguentando tanto xingamento, apelido, que prefiro não ir para a escola. Aí não vou. Eu não pedi  para ser assim...  Preto", lamentou Jorge, que diz ver cada dia mais distante o sonho de ser advogado. Para ele, em todas as escolas, os colegas dispensarão a ele o mesmo tipo do tratamento que ele tem hoje. "Já ouvi de outros amigos que são pretos que é do mesmo jeito. Então nem adianta mudar de escola", conclui.
A apatia aparente quanto às humilhações que o estudante sofre é explicada pelos conselhos recebidos pela mãe. "Ele chega em casa reclamando que ficam colocando esses apelidos nele  e eu digo sempre que ele entregue a Deus e não brigue com ninguém. Entre na escola, estude e venha embora. Além de pretos, minha filha, somos pobres", resumiu  Liliane enquanto o filho ouvia a tudo atento, mas ainda de cabeça baixa.


Diferenças

Albinos também são alvo de discriminação

O racismo não se restringe àqueles de cor negra. No outro extremo, ele também se faz presente. Jovens com albinismo  — pele extremamente branca pela ausência de melanina  - também são alvos de chacotas e discriminação. O professor de jiu-jit-su, Tales Rocha, vivenciou isso na prática.
Ele é negro e embora nunca tenha vivenciado situações de racismo direcionadas a ele, já assistiu a inúmeros casos e em alguns deles partiu em defesa da vítima. Um rapaz albino teria sido covardemente humilhado por dois colegas, na quadra de esportes da Escola Rosalvo Lôbo. "Ele foi xingado várias vezes e eu tomei as dores dele. Fomos parar na direção e acabamos suspensos, os quatro", contou o professor, que diz acreditar que uma vez adotada a Lei do Racismo, nas escolas, situações como essas tendam a se tornar menos frequentes.

TRIBUNA INDEPENDENTE.  CONTRA MILITAR. Líder comunitário é preso por racismo. Tribuna Independente. Maceió, 20 out. 2011,  p. 12.

O soldado da Polícia Militar (PM), Anderson Gazias Abreu, acusou o líder comunitário Gilmar Genival Mendonça de racismo. Ele teria desacatado o militar e o chamou de "negro safado", durante uma discussão ocorrida na Rua do Encanto, no Clima Bom. O crime ocorreu na noite de terça-feira, logo depois que um sobrinho do acusado, menor de idade, foi detido por policiais, acusado de integrar um grupo que tinha acabado de trocar tiros com a guarnição da PM. Segundo a Polícia, Gilmar tentava impedir a prisão do sobrinho.


 Consulte o Blog do Núcleo de Estydos e Pesquisas sobre Direito, Sociedade e Vioilência

BULLYING

AIRAN, Breno. Estudante vítima de bullying leva a revolta para casa. Diretor diz que colegas “mexem” com adolescente por ele usar brincos. Tribuna Independente, Maceió, 25 out. 2011, p. 12.
Mais uma vez a Escola Estadual Professor Eduardo da Mota Trigueiros, no bairro da Jatiúca, em Maceió, foi palco de uma polêmica, ontem. Só este ano, segundo a direção, a instituição foi roubada dez vezes. Desta vez, o prejuízo foi outro.  Após   denúncia feita pelos próprios estudantes do colégio, oficiais do Batalhão de Polícia Escolar (BPEsc) checaram nas salas se havia uma arma de fogo no local.
O revólver Taurus calibre 38 com seis balas roller points (que se espalha quando atinge o alvo) foi encontrado na bolsa de um aluno. Uma aluna, de 15 anos de idade, irmã do proprietário da arma, escondeu o objeto na bolsa do estudante, de 14 anos de idade.
Segundo o acusado de levar o artefato para a escola, um menino de 14 anos, ele pôs a arma em sua bolsa para “se defender”, afinal, onde mora, próximo à escola, a criminalidade é grande.
O diretor, o professor de Informática Jeferson Levino da Silva, deu dois possíveis motivos para o estudante ter leva do a arma. O primeiro é que o aluno teria o ameaçado quando foi suspenso da escola por ter ido com uma calça que não fazia parte do uniforme. O segundo é que o garoto, segundo o diretor, vem sendo vítima de bullying por colegas de sala, por usar brincos. "Chamaram-no de 'viado' e ele falou que ia matar quem tinha dito isso. Bem, eu não aguento mais ficar nessa escola, diante de tanta confusão", desabafa.
A mãe do garoto apreendido, no entanto, afirmou à reportagem da Tribuna Independente que o filho de apenas 14 anos não tem ligação com o mundo das drogas - pelo menos que ela saiba. "Ele é esforçado. Sabe o duro que eu dou. Só que no momento estou desempregada. Esses dois não têm pai, um pai presente", diz.
E completa: "Ele realmente me falou que um amigo estava “arengando”  com ele. Mas ainda não sei como ele arrumou essa arma". Todos foram ouvidos pela delegada de Menores Infratores, no bairro do Jacintinho, e liberados, por ser menores.


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