terça-feira, 27 de dezembro de 2011

[HISTÓRIA: MEMÓRIA: COLÔNIA DE LEOPOLDINA/ALAGOAS] Luiz Sávio de Almeida. As ruas da Colônia de Leopoldina.

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Este artigo foi publicado em 2007 em O Jornal

  

         

Ernane Santos lançou – com a colaboração de José Araújo de Luna – um livro sobre as ruas de Colônia de Leopoldina. O trabalho tem um grande mérito: aproximar-se da história do local, da vida das pessoas que fazem a cidade, não importa ocaminho que siga. As ruas falam sobre a vida das gentes e das cidades, às vezes homenageando nomes tomados como exemplares, algumas falando sobre acontecimentos; outras tantas e mais encantadas, desvinculam-se do prosaico evão assumir o rumo poético que a própria vida comporta. João do Rio foi fantástico cronista da rua, da sua alma; ele sentiu que a rua pulsa e, portanto, deve ter coração.

         Colôniade Leopoldina tem seus estudiosos; lembro-me que em 1983, apareceu o trabalhode Everaldo Araújo Silva.  E assim, acidade honra a letra de seu hino: SALVE! SALVE! COLÔNIA LEOPOLDINA/REMINISCÊNCIAS DE TEU IMPERADOR/ COM TEUS FILHOS A ESTUDAR/ DOUTORES, POETAS,ESCRITORES/ PARA SUA TERRA SEMPRE HONRAR!.

         Euacho bonito, quando se tem, o senso do lugar. Jorge Pinto Dâmaso desmonta acharada ao falar sobre o povo do Cariri da Boca da Mata das Alagoas. Diz de modomagnífico, que se tratava de chamamento do umbigo. Nada mais nobre e nada maisimportante. O chamamento do umbigo é razão muito forte. Bem queria Alagoas, queem todos os seus municípios surgissem vocacionados pelo umbigo a falarem desuas terras, a dizerem de seus povos, da mesma forma que é bonito quandoColônia de Leopoldina fala do orgulho que tem de seus poetas e escritores.Puxa, dá para a gente se ligar, imediatamente, a Castro Alves quando gabava quemsemeia livros a mão cheia.

         Emtodo canto, parece que a necessidade de homenagear – sem dúvida justa – terminapor suplantar os nomes de rua montados pelo cotidiano. Sem dúvuda, a rua doEsconde Negro vem de longe sustentando o nome que se funda na vida local.  Prefiro a poesia à data; prefiro a recordaçãoao nome.  No caso especial da EscondeNegro, trata-se de uma rua delatora, ensinando por onde meu povo andou se escondendo? Um nome de primeira éRua da Boa Vista; sugere um mundo de beleza, de paisagem aberta. A Rua daAlegria é imponente, com todo mundo feliz, sentado nas calçadas, coçando odedão do pé. Pois são desta forma, as ruas de nossas cidades. 

         Nãoestou escrevendo estas linhas, pelo fato de conhecer o Ernane; fico satisfeitoao ver amigo produzindo; claro que fico satisfeito ao saber que o povo deColônia pode ler sobre suas ruas. Até lembro, saudoso, do velho e genial Félixde Lima Júnior, a quem tanto admirei e que andou escrevendo notas e mais notassobre as ruas desta nossa Maceió. O velho Félix era especial.

         Capelatem muito menino fazendo universidade; uns tantos já chegaram a conversarcomigo. Dois ou três podem fazer o mesmo trabalho; sei que Capela é 99 vezesmaior do que Colônia de Leopoldina, mas com paciência se faz e se pode dar anosso povo o presente que o Ernane deu ao seu.

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