terça-feira, 27 de dezembro de 2011

[TEMÁTICA INDÍGENA: PRODUÇÃO ACADÊMICA: UNIVERSIDADE: ALAGOAS] Luiz Sávio de Almeida. Indígenas e historiografia em Alagoas

 Esta matéria foi publicada em O Jornal, junho de 2008

            A semana passada estive na  Universidade Federal de Campina Grande para participar de seminário patrocinado pelo Laboratório de Estudos em Movimentos Étnicos e que tratava sobre Indígenas e Quilombolas: Perspectivas Cruzadas. Participei de uma mesa de trabalho sobre História Indígena e tratei do caso de Alagoas, tentando ser necessariamente provocativo para que fôssemos um caso a possibilitar reflexão sobre o Nordeste.  Talvez por acaso, atingi o problema, mostrando que o crescimento dos estudos indígenas em Alagoas tem ocorridop or via das ciências sociais e, por outro lado, a historiografia tem se mantidoa pática. Na verdade, comparando as produções nas duas áreas, a historiografiat em sido insignificante.

            Quala razão? Difícil de responder.  O fato é ue os índios foram retomados em Alagoas pelas ciências sociais, o que ficac laro, desde a redemocratização, ao aparecerem os trabalhos pioneiros de Clóvis Antunes e Vera Calheiros, com o primeiro contendo maior tônica política e as egunda enquadrando-se com maior propriedade na área acadêmica,  desde que se doutorou  com temática relativa aos Kariri-Xocó do PortoReal do Colégio.  A retomada veio acompanhada de  acentuada mudança no modo de ver e de encarar os índios.  Os estudos anteriores eram determinados pela visão do índio sem posição na correlação de força política,  herdeiros que eram das vertentes historiográficas de Caroata e Dias Cabral.

Os estudos posteriores entenderam-se como participantes da própria luta política dos povos indígena sem busca de nova posição, face ao contexto da chamada sociedade nacional. As ciências sociais em Alagoas captaram este momento, mas a historiografia não, o que se deve, talvez, ao perfil ideológico presente nos dois grupos: uma ciência social politicamente avançada e de compromissos com a própria redemoctaização e uma historiografia conservadora, sem maior compromisso com a transformação quese dava, o que transperecia nos momentos políticos internos do CHLA na UFAL. É preciso ter cautela com estas colocações, pois as generalizações podem ser njustas.

Por outro lado,  a história cuidou menos de  se renovar do que as ciências sociais; a pós-graduação chegou bem mais cedo no âmbito da sociologia,  da política,  da antropologia.  Evidentemente,  isto não é determinante,  mas interfere significativamente, de modo que se deram dois contextos distintos com relação aos estudos relativos a índios.  Uma pessoa fundamental na incorporação do índio ao cotidiano da Universidade foi a professora Sílvia Martins que marcou presença junto aos alunos e mantém um grupo vivo, já tendo encaminhado estudantes para a pós-graduação. Hoje a Universidade conta com pelo menos três grupos ligados aos índios. Cada um contribui e, de certa forma, a Universidade Federalde Alagoas é, possivelmente, a que mais tem produzido sobre o assunto no Nordeste.

Pesam nomes  como Clarisse, Sílvia,  Siloé, Nascimentoe outros tantos, inclusive, com ampliação para o campo da saúde. No  momento, parece-nos alto o interesse da área de Nutrição quanto aos índios, na medida em que trabalha a questão da segurança alimentar. Anteriormente, esta preocupação foi notável na área da medicina, coma contribuição extraordinária da Dra. Rosana Vilela. É  que as ciências sociais souberam – ao cresceramno campo indigenista-  manter diálogo com outras áreas da universidade, enquanto a história permaneceu enquistada. Há uma esperança: o que vem  sendo organizado cientificamente nos campi da UFAL e da UNEAL.  Quem sabe conseguirão que a história se engaje? É possível, não resta dúvida.

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